Eleições 2004

Maluf e Paulinho participam de “A engenharia e a cidade”

Lourdes Silva

 

Os candidatos à Prefeitura da Capital do PP, Paulo Salim Maluf, e do PDT, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, foram os primeiros a participar, nos dias 1º e 6 de julho, respectivamente, do ciclo de palestras promovido pelo SEESP.

A iniciativa, já realizada em eleições anteriores também em diversas outras cidades do Estado, tem o objetivo de ouvir as propostas de todos os que estão na disputa. É ainda uma oportunidade para que os engenheiros apresentem suas sugestões nas áreas ligadas às questões urbanas, como transporte, habitação, saneamento e meio ambiente. Para tanto, o presidente do sindicato, Murilo Celso de Campos Pinheiro, entregará aos candidatos os trabalhos sobre esses temas produzidos pelos técnicos da entidade.

 

Obras e bom humor – Engenheiro e falando a uma platéia de colegas de formação, Paulo Maluf fez questão de ressaltar o que classifica como seus feitos por São Paulo. “Não há uma só obra nesta cidade, nos últimos 25 anos, que não teve minha participação”. Ele diz ter ainda grandes planos para a Capital, mas não quis revelá-los: “Quando eu construí essas coisas, como o Aeroporto de Cumbica, não podiam me tirar do cargo, agora, se contar o que pretendo, não me elejo, mas tenho grandes sonhos.” Bem-humorado e arrancando risos dos ouvintes, afirmou que merecia os votos dos presentes até por coleguismo. “Dei muito emprego aos engenheiros com as minhas obras. E depois aos advogados, com os processos que foram movidos contra elas.”

Outra constante em seu discurso foram as críticas à atual prefeita, Marta Suplicy. Chamou de “pinguelas” duas das principais obras em andamento na cidade, as passagens subterrâneas nos cruzamentos da Avenida Faria Lima com Rebouças e Cidade Jardim. Criticou o trânsito caótico, afirmando que resolveria o problema com a instalação de semáforos inteligentes que detectam o volume de carros. E garantiu que acabará com as taxas do lixo e de iluminação. Para Maluf, outro problema é o “inchaço” na Administração, que segundo ele, “não pode ser cabide de emprego”. Assim, anunciou demissões “para quem não trabalha”.

Para combater a violência, Maluf colocará a Guarda Civil Metropolitana trabalhando juntamente com a Polícia Militar, mantendo o lema: “Escreveu não leu, o pau comeu”. Na saúde, trará de volta o PAS (Plano de Atendimento à Saúde). Alguns dos projetos atuais, como transporte, uniforme e material escolar para alunos da rede municipal de ensino, serão mantidos, assim como o Primeiro Emprego. Também disse aprovar os CEUs (Centros de Educação Unificados), mas questionou a opção por eles, “muito mais caros”, quando ainda faltam escolas em São Paulo.

Também disse que manterá o convênio Morar Melhor, firmado entre o SEESP, o Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo e a Prefeitura, visando a assistência técnica à população de baixa renda, e destinará recursos para implantá-lo, “se for interessante à coletividade”.

 

Combater o desemprego – Gerar postos de trabalho em São Paulo. Essa é a principal bandeira apresentada por Paulinho, que pretende reduzir impostos na cidade para atrair investimentos. A perda de arrecadação será compensada, afirma ele, com a “demissão de funcionários apadrinhados, revisão de contratos e cobrança das dívidas dos banqueiros de São Paulo”.

Além disso, quer montar nas 31 regiões da cidade centros como os mantidos pela Força Sindical, da qual é presidente licenciado, para oferecer cursos de qualificação e requalificação profissional, pré-vestibular aos filhos dos trabalhadores, entre outros. Planeja ainda incentivar a criação de cooperativas de serviços e abrir o comércio aos domingos, medida condicionada à contratação de novos empregados.

O sindicalista também promete acabar com a “indústria da multa” e foi enfático. “Se for eleito, no dia seguinte, derrubo dois daqueles radares de velocidade”. Ainda na área de transporte, disse ser favorável ao bilhete único, implantado recentemente, mas afirmou ser preciso fazer a integração com o trem e o metrô, modal que deve ser prioritário. “Não adianta pôr mais ônibus na rua que complicará para quem anda de carro. É necessário um esforço da Prefeitura, dos Governos Federal e Estadual para construir metrô.” Ao desempregado, promete vale-transporte gratuito.

Na saúde, planeja trabalhar com 1.700 equipes de “médicos de família” e construir novos 24 postos de saúde, que serão integrados a ambulatórios de especialidades. Paulinho foi categórico com relação aos projetos para a educação: “Quem quiser mais CEUs não vote em mim. Tenho dúvida se juntar lazer e educação funciona. Não é isso que faz a criança aprender.” A promessa é melhorar as escolas e os salários dos professores. À habitação, cogita um Programa de Moradia Popular “com financiamento até do setor privado”. E anunciou que pretende contar com o auxílio dos engenheiros.

 

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