História SEESP comemora 70 anos lembrando suas vitórias e refletindo sobre seus desafios Soraya Misleh |
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Aproximadamente 1.800 pessoas compareceram ao Clube Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, em 25 de setembro último, para celebrar os 70 anos do SEESP – completados no dia 21, data em que foi aberta a exposição fotográfica “História em imagens”, também marcando as comemorações. A festa, em grande estilo, reuniu autoridades, associados, representantes de diversas entidades, diretores e ex-presidentes da organização. Em homenagem ao seu aniversário, o Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) entregou placa comemorativa ao presidente do sindicato e da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), Murilo Celso de Campos Pinheiro, o qual destacou: “São 70 anos de luta, em que tornamos essa instituição reconhecida no Estado e no País.” Emocionado e fazendo questão de saudar os diretores, sócios e todos os que já estiveram no comando da organização, ele lembrou que tais “fizeram desse um sindicato pujante, forte e presente e estamos dando continuidade a isso”. Para ele, o desafio agora é ampliar sua representatividade, incrementando o número de filiados, bem como sua atuação nas questões nacionais. “Temos que interferir, exercitar a cidadania, participar do desenvolvimento do País e do engenheiro.” Ao longo de sua existência, o SEESP evoluiu significativamente e procurou levar essas bandeiras aos poderes constituídos, trabalho que mereceu ênfase especial nessa gestão e garante à entidade a alcunha de sindicato-cidadão. “Buscamos montar grupos de trabalho, desenvolver seminários e palestras em que pudéssemos apresentar propostas e idéias ao Parlamento e ao Executivo”, atestou Murilo Campos. Em sua história recente, o sindicato não deixou de posicionar-se sobre temas de interesse nacional e mundial, como a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), em que opôs-se frontalmente a que o Brasil aderisse, apontou os problemas nos setores de saneamento, elétrico, de habitação e transporte, bem como apresentou propostas em diversos fóruns. E ainda, indicou falhas nas reformas tributária, previdenciária, sindical e trabalhista e participou das mobilizações contra as duas últimas. Além disso, passou a integrar o Conselho Nacional das Cidades e intensificou sua aproximação com os poderes em Brasília. O início dessa trajetória foi apontado por Sidnei Martini, presidente da CTEEP (Companhia Paulista de Transmissão de Energia Elétrica Paulista). Falando em nome das empresas representadas no evento, ele ressaltou que o sindicato nasceu na mesma época em que “os povos beligeravam”, com a categoria trazendo soluções aos problemas de sobrevivência da antigüidade. “Mas foi naquela época também que, nos momentos de paz, a engenharia se dedicava ao bem-estar da coletividade”, acrescentou. Hoje, observou ele, a profissão está presente em cada momento do dia-a-dia. “Por isso, o nosso reconhecimento a esse sindicato e o desejo que seus 70 anos sejam somente os primeiros de uma infinidade.” A entidade também recebeu os cumprimentos do governador do Estado, Geraldo Alckmin, por intermédio de seu representante, o secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento de São Paulo, Mauro Arce. Ele lembrou que o SEESP surgiu antes da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), cuja origem data dos anos 40, e tem se distinguido ao longo do tempo não só em defesa da categoria, mas da engenharia de modo geral, seja nas questões tecnológicas, seja politicamente. “São 70 anos de luta, com uma participação muito grande na vida de São Paulo.” Para o então candidato a vereador de São Paulo, José Anibal (eleito em 3 de outubro), os profissionais da área, através da ação do sindicato, tem contribuição decisiva no crescimento da Capital paulista. “Sua engenharia, naquilo que conseguimos construir de soluções e possibilita uma vida razoável na nossa cidade, é parte determinante”, confirmou. Na visão do presidente da CBP (Central Brasileira de Profissionais), Jorge Gomes, a relevância do SEESP extrapola os limites do Estado de São Paulo. “Seus 70 anos são uma demonstração também da importância da existência de entidades representativas das categorias profissionais universitárias, pois reivindicamos suas questões específicas. É um momento em que o sindicato reitera todas as lutas que desenvolveu ao longo do tempo e mostra que vai continuar por muitos anos”, afirmou. |
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Expansão marca história do sindicato |
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O SEESP foi fundado na Capital em 21 de setembro de 1934, com o objetivo de indicar um deputado classista à Câmara Federal nas eleições daquele ano. O escolhido foi Ranulfo Pinheiro. Contudo, com o golpe de 1937 e o conseqüente fechamento do Congresso, o sindicato só voltou a atuar alguns anos depois, mas limitado a atividades assistenciais. No final dos anos 70, com o Movimento de Oposição e Renovação, além da ação sindical, passou a interferir politicamente e trabalhar de forma efetiva em prol dos interesses dos engenheiros do Estado e da sociedade. Assim, marcaram sua trajetória não apenas a defesa das reivindicações e direitos desses profissionais, mas também a luta pelas eleições diretas e o Movimento de Ciência e Tecnologia na Constituinte, a defesa do impeachment de Collor e ações em favor do patrimônio público e contra a privatização das estatais. A entidade cresceu. Hoje tem sua sede no bairro da Bela Vista, em São Paulo, e conta com 25 delegacias sindicais distribuídas pelo Estado, de maneira a aproximá-la do engenheiro, conhecendo a realidade de cada região. Atualmente negocia e consolida acordos e convenções coletivas de trabalho com dezenas de empresas estatais e privadas, além de sindicatos patronais. O número de associados já ultrapassa os 30 mil, conferindo representatividade e respeito ao SEESP. Ao País, a entidade propõe investimentos em infra-estrutura, como forma de assegurar seu desenvolvimento sustentável, a melhoria das condições de vida da população e a geração de emprego e renda. |
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Com
a palavra, os ex-presidentes |
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“Quero
saudar toda a diretoria do SEESP e seus sócios. Nesses 70 anos,
nosso sindicato foi decisivo na participação de todos os
grandes empreendimentos e lutas nacionais.”
“Dentro
das camadas médias no Brasil, o Sindicato dos Engenheiros é
um fenômeno da maior importância, porque conseguiu, a partir
da década de 80, mostrar que fazer política é fundamental
à categoria, à engenharia e ao País. As camadas médias
hoje necessitam reaprender a fazer política e o SEESP tem desafios
enormes nesse processo, como aprofundar permanentemente a democracia econômica
e social.”
“Os
70 anos do sindicato vêm reafirmar sua importância. Os engenheiros,
apesar de serem categorias minoritárias dentro das empresas, simbolizam
a espinha dorsal do setor produtivo e precisam ser ouvidos. Que o SEESP,
além de representar seus interesses, continue sendo um dos porta-vozes
da introdução às novas tecnologias.”
“Eu
me sinto muito feliz em poder participar dessa festa dos 70 anos e ter
dado uma pequena contribuição para ajudar a tornar esse
sindicato uma referência não só para os engenheiros,
mas também à categoria universitária. Todos estão
de parabéns.”
“Conseguimos,
ao longo dessa história, efetivamente construir um sindicato de
classe média no Brasil. O SEESP é modelo em relação
a isso no Brasil e no mundo e essa é uma vitória nossa.
É o momento de comemorarmos, mas também de reflexão.
Hoje, tem que se discutir como se estabelecem as novas relações
de produção, essa dinâmica da produção
sem emprego e o que é fazer sindicalismo nesse contexto. É
o desafio que se coloca para nós como perspectiva para mais 70
anos.”
“O
Sindicato dos Engenheiros nasceu num período muito rico de construção
institucional do Estado de São Paulo. E hoje há necessidade
de organização da sociedade para a construção
de um projeto de desenvolvimento. O SEESP sempre esteve engajado nisso
e é uma das instituições melhor talhadas para debater
e contribuir nesse processo. Setenta anos é um marco que traz dentro
de si tudo isso e permitirá aos engenheiros de São Paulo
continuar contribuindo na construção de uma sociedade melhor
e mais justa.” |
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