Comemoração Festa celebra Dia do Engenheiro e exalta 70 anos do SEESP Soraya Misleh |
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No dia 14 de dezembro, o sindicato promoveu em sua sede solenidade em comemoração ao Dia do Engenheiro – 11 de dezembro –, na qual foi entregue o tradicional prêmio Personalidade da Tecnologia. Além dessa homenagem aos profissionais que se sobressaíram durante o ano de 2004 em suas áreas de atuação, na data foi lançado o livro “A engenharia no Estado de São Paulo e a sua contribuição ao País – os 70 anos do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo”. A obra é parte das celebrações do aniversário do SEESP. Também com esse intuito, houve, na oportunidade, o descerramento de placa comemorativa. O presidente do sindicato, Murilo Celso de Campos Pinheiro, abriu a cerimônia, que contou com a presença de aproximadamente 150 pessoas, incluindo parlamentares, representantes de entidades e empresas. Ressaltou que “o prêmio Personalidade da Tecnologia nasceu em 1987, com o objetivo de prestar uma justa homenagem àqueles que colocam seu talento e competência a serviço de um mundo melhor. Em 2004, chegamos à sua 18ª edição, orgulhosos de ter em nossa galeria de premiados mais de uma centena de pesquisadores, técnicos, empresários, ativistas que representam a excelência no País”. E completou: “São homens e mulheres que, com determinação e coragem, driblam adversidades, falta de verbas, dificuldades de toda ordem e criam, produzem, aprimoram, legando às gerações futuras o resultado de seu esforço.” Anunciando o início da premiação, João Paulo Dutra, vice-presidente e coordenador do Conselho Tecnológico do SEESP, salientou o trabalho árduo feito por esse, representado pela sua comissão julgadora, na seleção dos nomes indicados pelos engenheiros durante o ano para ser laureados. “A tarefa é das mais complexas. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas no País, são inúmeros os profissionais que contribuem para a construção de um mundo melhor. Não obstante a magnitude da missão, chegamos a seis agraciados que encarnam esse espírito.” Assim, receberam o prêmio Carlos Henrique de Brito Cruz, na categoria “Ensino e Pesquisa”; Aron José Pazin de Andrade, em “Bioengenharia”; Laércio José de Lucena Cosentino, em “Informática”; Maurício Novis Botelho, em “Indústria”; Nelson Zuanella, em “Ciência e Tecnologia”; e Carlos Lessa, em “Valorização Profissional”.
Realização coletiva – Com pesquisas no campo da física experimental, ao ser laureado, Brito Cruz destacou que tudo o que conseguiu realizar deve a duas instituições públicas – ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e Unicamp (Universidade de Campinas). Na primeira, graduou-se engenheiro eletrônico e na segunda, mestre e doutor em física. Seguindo essa linha, Zuanella – reconhecido como um dos grandes lutadores pelo avanço da engenharia e tecnologia nacionais, que atuou no desenvolvimento do primeiro computador brasileiro, o Patinho Feio – dedicou o troféu à FDTE (Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia), entidade existente há 32 anos, que ajudou a instituir. “Quem está nesse pódium é mais a criatura do que o criador”, afirmou. Outro que exaltou a participação coletiva ao ser agraciado foi Andrade. “Creio que essa indicação foi em função do projeto do coração artificial auxiliar, que estamos desenvolvendo no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Fundação Adib Jatene, onde trabalho desde 1983. Esse terá um dia importância social, fará com que os pacientes sobrevivam mais tempo na fila à espera da doação de órgãos. E não é um pesquisador que desenvolve um projeto complexo desses, mas uma equipe multidisciplinar, de bons profissionais. E instituições importantes de renome nacional e internacional são indispensáveis.” Andrade encerrou sua fala agradecendo a diversas delas. Deu ênfase ao trabalho de equipe, ainda, Botelho, que conduziu a reorganização da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) após a privatização em 1994. “Quando recebo essa distinção, lembro dos 3.500 engenheiros da companhia. Sua eficiência é uma das nossas maiores vantagens competitivas”, asseverou o laureado. Também em sua fala, ele lembrou que a Embraer nasceu em 1969 como resultado de um projeto estratégico ao País, centrado no conhecimento. Já para Cosentino, fundador da Microsiga, o prêmio “representa o grande esforço da nossa empresa em promover a inovação através de tecnologia brasileira”.
Dom Quixotes e Sanchos Panças – Ao receber a homenagem, o ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Lessa, ressaltou a dimensão associada à festividade, que conjugou memória, auto-estima e sonhos. Primeiro, pelo lançamento do livro que faz a reconstituição da engenharia de São Paulo, cujos feitos, na sua opinião, devem sempre ser apresentados cercados das controvérsias havidas quanto a sua viabilidade e capitulados pelos seus efeitos. “É muito importante a instituição comemorar 70 anos e fazer o exercício introspectivo no lugar onde atua”, considerou. Segundo pelo caráter do prêmio, “um exercício de valorização daqueles que não renunciam ao sonho”. Conforme ele, as personalidades agraciadas inserem-se em uma galeria “cervantina”, de Dom Quixotes, que sonham, e Sanchos Panças, que realizam. Em sua preleção, ele frisou que a engenharia brasileira está associada a feitos admiráveis, como a criação da Petrobras, por Getúlio Vargas, e de Brasília, por Juscelino Kubitschek. Ambos projetos enfrentaram oposição acirrada e foram adiante, contra inclusive relatórios, no caso específico da estatal, “feitos para nos derrubar”. “Mas, nos anos 50, o povo foi às ruas com a campanha ´O petróleo é nosso´ e a Petrobras saiu como a maior empresa brasileira. Já Brasília virou uma metrópole com 3 milhões de habitantes e surgiu a soja tropical de cerrado, que nos deu uma vantagem decisiva. Tudo foi possível porque houve uma decisão inspirada de construir a nova capital federal”, observou Lessa. Para
ele, é preciso resgatar essa determinação. “O
Brasil precisa sonhar e o engenheiro tem que ser o portador disso. A engenharia
brasileira tem a obrigação de colocar em discussão
grandes projetos, o Nordeste, por exemplo, deve deixar de ser problema
para ser solução. Já fizemos feitos de espantar,
por que renunciar a eles?” Certamente, as personalidades da galeria
“cervantina” não abdicaram dessa capacidade. |
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Os agraciados com o prêmio Personalidade da Tecnologia 2004 |
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Aron
José Pazin de Andrade – Bioengenharia
Nelson
Zuanella –
Ciência e Tecnologia
Carlos
Henrique de Brito Cruz – Ensino
e Pesquisa
Maurício
Novis Botelho – Indústria
Laércio
José de Lucena Cosentino – Informática
Carlos
Francisco Theodoro Machado Ribeiro de Lessa – Valorização
Profissional |
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Memória da profissão e seu sindicato | |
Durante o lançamento do livro “A engenharia no Estado de São Paulo e a sua contribuição ao País – os 70 anos do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo”, o diretor do SEESP, Antonio Roberto Martins, leu discurso proferido em 11 de dezembro de 1939, na cidade de Santos, pelo engenheiro Egídio Martins, que exalta o papel desse profissional como mentor da atividade industrial, o qual tudo faz “pela paz e bem da humanidade”. Na tentativa de resgatar a história da engenharia no Estado e suas obras importantes, ele idealizou e coordenou o projeto do livro em comemoração aos 70 anos da entidade. O primeiro exemplar foi entregue por Demóstenes Barbosa da Silva, vice-presidente da AES Tietê, patrocinadora da iniciativa, ao presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, na noite do dia 14 de dezembro e o segundo, ao deputado estadual Nivaldo Santana. Os agraciados com o prêmio Personalidade da Tecnologia 2004 também foram presenteados com a publicação. Silva concluiu: “No Brasil, temos tido o privilégio de construir sistemas, edificações, obras grandiosas, mesmo com tantos revezes. O sucesso é constante e comprova a nossa capacidade de transformar o País. Esse reconhecimento procuramos retribuir este ano, ao registrar a memória do que transcorreu nos últimos 70 anos pelas mãos dos engenheiros.” |
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