Editorial

Em 2005, busquemos o sonho


Como tradicionalmente ocorre desde 1987, o SEESP teve como último grande evento do ano a entrega do prêmio Personalidade da Tecnologia, que marca a comemoração do Dia do Engenheiro, celebrado em 11 de dezembro. Mais uma vez, foram agraciados profissionais da mais alta competência, todos importantes realizadores em suas respectivas áreas de atuação.

Tal evento é, sobretudo, um marco da reafirmação de bandeiras históricas da nossa entidade. São elas a defesa da tecnologia nacional, a valorização da engenharia e de seus profissionais e de seu papel na busca do desenvolvimento do País e do bem-estar do povo brasileiro. Em 2004, essa festa foi ainda mais significativa, tendo em vista os 70 anos do sindicato, completados em 21 de setembro último.

Entre os nossos agraciados nesta que foi a 18ª edição da homenagem, tivemos o professor Carlos Lessa, na categoria Valorização Profissional. Recentemente demitido da presidência do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), após enfrentar interesses poderosos sem jamais fraquejar na defesa do desenvolvimento com inclusão social, ele tornou-se um símbolo. De um otimismo e confiança no povo brasileiro inabaláveis, exorta-nos a todos a nada menos que o sonho.

Para que tenhamos um país verdadeiramente soberano, democrático e justo, é preciso que acreditemos no futuro e na nossa capacidade de construí-lo. Reduzidos há pelo menos dez anos à condição de pagantes da dívida, os brasileiros têm sido convencidos de que nada podem fazer, a não ser reagir defensivamente às ameaças de blocos comerciais leoninos, aos humores do capital internacional, às exigências do FMI (Fundo Monetário Internacional).

É hora, como Lessa nos chamou a atenção, de despertar do sono de tal mediocridade para uma dimensão em que o sonho exista e possa ser perseguido. Isso é particularmente urgente para os engenheiros, cuja profissão só tem sentido se puderem criar, produzir, inovar, melhorar o meio em que vivem. Nossa história está repleta de exemplos da nossa capacidade. Em condições bem mais desfavoráveis que as de hoje, tornamos realidade feitos notáveis.

Ao chegar ao fim de mais um ano, é preciso que tenhamos isso em mente. Em 2005, esperam-nos muitos desafios. Não obstante o alvissareiro noticiário em torno da recuperação do PIB (Produto Interno Bruto) para 2004, pouco se avançou. A renda continua sendo achatada, os empregos criados são os mais precários e o grande beneficiado da política econômica em vigor segue sendo o mercado financeiro. Além dessas ameaças, sobre os trabalhadores pesa ainda a da reforma sindical, claramente equivocada.

Apesar da difícil agenda, preparemos nosso espírito para a busca do sonho, como nos convidou o professor Lessa. Com coragem, determinação e, principalmente, unidos, construiremos, no ano que entra, um Brasil melhor.

 

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

 

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