Nada
mais prático: despeja-se o macarrão instantâneo em
água fervendo e em alguns minutos tem-se uma refeição,
que até pode ser saborosa, a depender do paladar do comensal. Saber
o que de fato se está ingerindo é bem mais complicado.
Nesta edição,
a professora Glaucia Maria Pastore, coordenadora do Laboratório
de Bioaromas da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp (Universidade
de Campinas) e presidente da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia
de Alimentos, revela os mistérios dos alimentos que se preparam
num passe de mágica. Cada vez mais freqüentes nas prateleiras
dos supermercados e nos anúncios publicitários, podem não
ser tudo que a embalagem colorida faz crer ao consumidor.
E do pó fez-se a macarronada –
Mais populares na categoria, as sopas e
macarrões instantâneos têm em sua composição
principalmente uma fonte de amido pré-cozido, o que torna muito
rápido o seu preparo. A coloração é garantida
por corantes artificiais. Aroma e sabor podem ser conseguidos adicionando-se
temperos ou ervas à mistura, que leva também reforçadores
artificiais de aroma. O processo de fabricação envolve basicamente
a secagem, a desidratação e a mistura desses ingredientes.
Quando se prepara o produto em casa, o pó misturado à água
quente ganha consistência porque o amido se “gelatiniza”.
Rótulos misteriosos –
Mesmo para quem adquiriu o hábito de ler os rótulos
dos alimentos, descobrir o que há dentro da embalagem pode não
ser tão fácil, alerta a professora da Unicamp. Segundo ela,
graças ao Código de Defesa do Consumidor, há avanços
no que diz respeito a informações nutricionais, como lipídios,
proteínas e valor calórico. No entanto, os fabricantes ainda
informam os ingredientes utilizando siglas e termos de conhecimento quase
exclusivo de especialistas. Por exemplo, os muito comuns glutamato monossódico
e inosinato dissódico são os aditivos químicos que
conferem sabor aos alimentos. São extraídos pelo processo
de fermentação da cana-de-açúcar.
Pouco
nutritivos
– Práticos e até saborosos, os alimentos
instantâneos têm baixo valor nutritivo. “Funcionam mais
como uma fonte de calorias, pelo teor de amido que possuem. Como são
muito calóricos, são úteis em situações
nas quais a pessoa está faminta e precisa de energia urgentemente.”
Pelo mesmo motivo, consumidos em excesso, podem causar obesidade. Essa
característica requer atenção especial às
crianças, freqüentemente fãs do “macarrãozinho”.
“Não é um alimento para que elas consumam regularmente,
pois isso lhes privará de outros nutrientes necessários
ao seu desenvolvimento, como proteínas e vitaminas”, adverte
Pastore.
Aditivos
químicos
– Os
alimentos instantâneos contêm aditivos químicos, como
enaltecedores de sabor e conservantes. A depender de vários fatores,
como quantidade ingerida, tipo de dieta, idade e estilo de vida, podem
ser prejudiciais à saúde. Segundo a professora, “não
é possível afirmar simplesmente que fazem mal ou que podem
ser consumidos diariamente; mas é certo que comer uma ou duas vezes
por semana não causa mal a ninguém”.
Diferenças – Além
dos instantâneos, fazem parte da vida contemporânea outras
soluções práticas de alimentação. Os
congelados são aqueles que sofreram redução de temperatura
para serem conservados e, em geral, têm suas propriedades nutricionais
mantidas, tornando-se mais recomendáveis. Os enlatados levam conservantes
químicos para manterem-se em condições de consumo
por mais tempo.
Embalagens
– Essas são essenciais para garantir a conservação
do alimento e, atualmente, representam setor estratégico para a
indústria de alimentos. Podem ser feitas de material que permita
a passagem de oxigênio ou não e que contenha substâncias
que impeçam o crescimento de microrganismos. Está em voga
o conceito de embalagem ativa, que contém substâncias de
conservação, e inteligente, que indica o tipo de manuseio
que o sistema distribuidor utilizou – por exemplo, se a refrigeração
foi feita na temperatura correta. A embalagem ativa mais importante é
a que faz controle de oxigênio. É utilizada para verduras
ensacadas, chamadas minimamente processadas, que precisam manter o frescor
e a cor. No caso das inteligentes, no Brasil há uma marca de cerveja
cuja lata indica a temperatura em que ficou acondicionada.
Para
saber mais sobre o tema:
http://www.abia.org.br
http://www.abea.com.br
http://www.sbcta.org.br
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