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Como não cair no conto da rebimboca da parafuseta

Soraya Misleh

 

Ter conhecimentos básicos de mecânica pode ajudar o leigo a resolver pequenos problemas em seu veículo e não ser enganado quando precisar levá-lo a uma oficina qualquer. Quem afirma é o engenheiro Paulo Lozano, diretor técnico da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), que dá dicas sobre como proceder diante de algumas situações adversas e orienta a respeito de combustíveis e óleos, além de como reconhecer quando o carro está com algum problema.

O engenheiro Luiz Alberto de Sant´Ana, diretor da Delegacia Sindical do SEESP no Grande ABC, ensina a identificar as causas de panes instantâneas e também como agir em determinadas circunstâncias. Ambos, contudo, alertam que o ideal é recorrer sempre a um especialista e efetuar a manutenção preventiva.

 

Panes instantâneas – Falta de combustível e de corrente elétrica são as razões mais comuns para pane instantânea. Em ambos os casos, o veículo apresenta solavancos antes de parar completamente. Defeitos relacionados à má qualidade do combustível não fazem o carro parar de imediato, mas provocam falhas em seu movimento, principalmente nas retomadas de velocidade e nas trocas de marcha. Para evitar esse contratempo, recomenda-se abastecer o veículo sempre no mesmo local. Caso não seja possível, o motorista deve pedir no posto a verificação da densidade do combustível, que indica adulterações. Outro caminho é registrar em que lugar abasteceu, a que horas, em que bomba e solicitar nota fiscal para provar o prejuízo, se necessário for.

Se não falta combustível, o problema pode ser ausência de corrente no motor. Para identificá-lo, o condutor deve deixar a chave de ignição na posição ligada, desconectar o cabo positivo do transformador (antiga bobina) e reaproximá-lo do ponto de conexão. Se não soltar faísca, fica caracterizada a falha elétrica. Devido à complexidade dos sistemas atuais, fica difícil descobrir a origem do problema sem equipamentos adequados. Resta ao usuário, nessa situação, averiguar se há algum cabo solto, conector partido ou outro defeito visível. Alarmes mal-colocados ou avariados também podem interferir no funcionamento do sistema. Nesse caso, devem ser desativados.

 

Trancos são desaconselhados – Não é raro o motorista não conseguir dar a partida no motor ou verificar a perda de função de componentes que requeiram maior consumo de energia, como buzina, por falta de carga na bateria. Fazer a popularmente chamada “chupeta” (quando se recorre a um cabo auxiliar ligado a outra bateria) é o procedimento correto nesse caso. Já os famosos trancos não são aconselháveis, independentemente de o veículo ter ou não injeção eletrônica. A sincronia entre os eixos do motor e de comando das válvulas é feita por uma correia dentada e essa ação pode fazer saltar um dente, causando graves danos às válvulas e pistões.

Outra questão a ser considerada é que a maioria dos carros hoje tem controle de emissões. Quando o motorista tenta fazer seu veículo pegar no tranco, propicia a passagem de combustível não-queimado por dentro do motor, que contamina o catalisador. Esse será danificado irremediavelmente se o automóvel funcionar após essa ação, e o sistema de controle de emissões comprometido.

 

Identificando problemas – Reconhecer alguma anomalia no veículo é possível ao se observar com atenção as condições anormais que apareçam de repente, principalmente vibrações e ruídos, como um forte chiado de freio indicando que pastilhas ou lonas estão gastas. Se ocorrerem estalos estranhos ao passar por uma valeta ou lombada, o problema pode estar nas molas, batentes ou coxins de borracha.

Instabilidade do veículo em movimento pode ser devido aos amortecedores não estarem fazendo sua função devidamente. Um teste fácil pode ser feito para identificar problemas na suspensão, com o carro parado: balançá-lo um pouco para cima e para baixo e observar se ele deixa rapidamente de oscilar – o certo é parar em uma ou duas vezes. O automóvel não pode chacoalhar como uma mola solta.

Quando o nível do reservatório cai freqüentemente e necessita de reposição constante do fluido, é necessário ir a uma oficina para avaliar qual a causa. Geralmente, o problema é que há algum tipo de vazamento. O defeito pode estar ainda no sistema do motor, mas é raro. Para não ser enganado em quaisquer circunstâncias, o ideal é recorrer a um mecânico de confiança. Caso isso não seja possível, ter conhecimentos básicos sobre o funcionamento do veículo ajuda. Há cursos e livros que orientam sobre o tema.

 

Óleo ideal – O motorista deve utilizar aquele indicado pelo fabricante no manual do veículo. Se ele usar o recomendado, mesmo que misture marcas, desde que com a mesma especificação, não terá contratempos. Especialistas divergem sobre se é possível mesclar óleos minerais e sintéticos. O desejável é que se adote um único tipo. Porém, numa emergência, pode-se combinar os dois gêneros e rodar sem problemas. Mas o ideal é que, caso isso tenha ocorrido, posteriormente seja efetuada a troca do óleo. Basicamente, a médio e longo prazos, tal composição pode resultar na formação de borras no motor.

 

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