Opinião Pensar grande como o País merece Allen Habert |
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Já se falou algum tempo atrás que o Brasil, feliz ou infelizmente, possui uma vocação para a grandeza. Os países cumprem seus destinos quando seus povos estão unidos e organizados. Conquistada a democracia política progressiva nos últimos 20 anos, sobressai nosso afã generalizado pelo progresso e desenvolvimento. Ou caminhamos para nos firmar como uma potência, pacífica e empreendedora, ou passaremos à história como um País menor e dividido. Planejar e implementar nosso desenvolvimento aproveitando nossas vantagens intrínsecas é uma tarefa permanente. Não sucumbir às dificuldades conjunturais, formar uma inteligência coletiva comprometida com os interesses das maiorias e confiar na capacidade inovadora de nosso povo foram sempre um caminho seguro para o sucesso. Foi esse espírito que norteou a trajetória de vida do engenheiro, professor e empreendedor Francisco Romeu Landi. Ele nos deixou em 2004, aos 70 anos, mas nos legou uma obra e muitos ensinamentos. Professor ativo e participativo da engenharia civil na Escola Politécnica da USP, onde se formou em 1956. Aí, o conheci na época da reanimação do movimento estudantil em 1974. Eu era diretor do Grêmio Politécnico e ele nos auxiliou, com sua imensa experiência de diálogo e consenso, a pensar e estabelecer caminhos para unificar os estudantes com os professores, em torno de conquistas comuns. Daí, nasceu uma amizade e minha admiração pela ação sempre otimista e instigadora do professor Landi. Formou uma geração de engenheiros e pesquisadores com a visão clara de que a engenharia tem três dimensões: a técnica, a humana e a social. Diretor da Epusp, vice-presidente do IPT e presidente da Fapesp, exerceu os três cargos da maior importância com incontestável liderança e senso de renovação e articulação com os diversos setores da sociedade.Estimulou a criação de FAPs – Fundações de Amparo à Pesquisa de C&T em 12 estados da Federação. Foi presidente do fórum das FAPs, que hoje leva seu nome. Tinha a consciência do papel de instituições fortes, modernas e democráticas. Seu bom humor e fina ironia eram utilizados para que as coisas funcionassem melhor e as pessoas se envolvessem cada vez mais nos empreendimentos. Aproximou-se do Sindicato dos Engenheiros por ocasião da luta pela conquista do capítulo inédito de C&T na Constituinte Federal, em 1988. A transformação da Fapesp em apoiadora da pesquisa tecnológica e não só científica, além da ampliação de seus recursos, deu-se depois de muitas discussões e articulações junto às entidades e parlamentares. Essa conquista foi um marco em nosso Estado e possibilitou a melhor integração da comunidade tecnológica com o setor científico e as empresas inovadoras, principalmente as nacionais. O professor Landi dirigiu a Fapesp e deixou sua marca indelével, desenvolvendo o relacionamento entre a universidade e o setor produtivo, baseada fundamentalmente na promoção da inovação tecnológica. Em 1990, participou da elaboração do documento “Bases para um Projeto Nacional de Desenvolvimento”, coordenado pelo SEESP e com grande repercussão. Ganhou o prêmio Personalidade da Tecnologia desse sindicato na área de Pesquisa e Educação, em 1998, além de outros prêmios nacionais e internacionais. Futuro e tecnologia – Esteve na base da elaboração da iniciativa “Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo”, cuja nova edição (de 1998 a 2002) foi lançada recentemente na Fapesp, por ocasião de uma sessão de homenagem ao professor – a edição desses indicadores está disponível no site www.fapesp.br/indicadores. Na ocasião, foram lançados os anais do capítulo “Financiamento da Pesquisa e Desenvolvimento da Nação Brasileira – Uma perspectiva histórica: homenagem aos 70 anos do professor Francisco Romeu Landi”, realizado em 2004 por iniciativa de um conjunto de instituições. No documento, está seu último pronunciamento público, no qual comenta: “(...) A sociedade de 2020 ou 2030 será muito diferente da nossa e terá pouca semelhança com as previsões dos atuais futuristas, que mais se aproximam da ficção científica. Não será dominada, nem moldada, pela tecnologia da informação. Essa será importante, é claro, mas será apenas uma entre várias tecnologias importantes. A característica central da sociedade futura, assim como a de suas antecessoras, será a de possuir novas instituições, novas teorias, novas ideologias e os problemas decorrentes delas. Em torno disso é que se constituirá a nova sociedade.” Allen Habert foi presidente do SEESP e atualmente é seu diretor. |
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