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Chame o síndico, mas não se esqueça do engenheiro

Rita Casaro

 

Para quem vive em edifícios, as despesas do condomínio podem ser uma eterna fonte de dores de cabeça e um sumidouro financeiro. Além da óbvia necessidade de uma administração idônea para evitar irregularidades, considerável economia de recursos pode ser obtida com a aplicação da boa engenharia no dia-a-dia desses imóveis coletivos. Quem garante é o engenheiro civil especializado em Segurança do Trabalho, André Tadeu May, que desde 1998 dedica-se à administração de condomínios lançando mão dos conhecimentos pertinentes à sua formação.

“Ao desenvolver esse trabalho pude aplicar inteiramente meus conhecimentos de engenharia. Deveria haver uma especialidade de ‘engenheiro de condomínio’, tal a diversidade das questões, envolvendo situações das áreas civil, elétrica, mecânica, segurança ocupacional e outras especialidades”, afirma. Segundo ele, não é necessária uma graduação para cada uma dessas áreas, mas é fundamental ser capaz de identificar os problemas para encaminhá-los ao técnico adequado a solucioná-los.

 

Aonde vai o seu dinheiro – Numa classificação “padrão”, a taxa paga pelos moradores destina-se a despesas com pessoal (até 53%), consumo de água, luz e gás (15% a 20%), manutenção (10% a 15%), administrativas (3% a 7%) e eventuais, que incluem dedetizações, limpeza de caixas d’água, esgoto, equipamentos de combate a incêndio, seguro, pára-raios, vistorias etc (até 5%). Além dessas, há as despesas extraordinárias, que são as famosas “taxas extras” para obras, benfeitorias e ampliações.

 

O papel da engenharia – Independentemente do tamanho, um condomínio apresenta problemas de rachaduras, infiltrações, pintura, instalações hidráulicas, bombas, pára-raios, instalações elétricas de todo porte, elevadores, telefones, interfones, equipamentos de segurança, instalações de gás, equipamentos de combate a incêndio e seus autos de vistoria, limpeza de caixa d’água, dedetizações, jardinagem, seguros etc. Todas essas demandas, ressalta May, exigem conhecimento técnico para que se possa optar pela melhor solução e aprovar contratos de fornecimento de materiais ou de manutenção. “Assim, não há como dissociar a engenharia da atividade de condomínio”, aposta.

 

Poupar o ouro azul – Responsável por parte significativa das despesas ordinárias, o consumo de água deve ser monitorado constantemente. Vazamentos ainda que pequenos, consumo exagerado para atividades como rega de jardim ou uma descarga desregulada podem e devem ser corrigidos imediatamente. Como é impossível controlar o consumo de cada morador, uma solução seria a individualização das instalações hidráulicas, o que, no entanto, encarece o custo do prédio. Projetos para captação de águas pluviais para uso de limpeza de garagens e jardinagem são investimentos rapidamente retornáveis, além de preservarem o ambiente.


Uso racional de energia – O problema não existe para a energia elétrica, cobrada a cada consumidor. A conta do condomínio especificamente pode ser reduzida pelo uso das bombas de recalque para as caixas d’água com controles corretos das bóias e partidas do motor e racionalização do uso dos elevadores – o maior consumidor de energia em um prédio.


Os extras que doem no bolso – Edifícios novos evidentemente acusam despesas de manutenção menores que os antigos. De toda forma, é sempre essencial fazer as obras preventivas. “No início, tem-se a cobertura das garantias de construção e instalações. Passada essa fase, o síndico descobre que se não mantiver o prédio pelas tabelas de conservação, causará, além da desvalorização do imóvel, a quase impossível missão de arrecadar fundos para corrigir o que se estragou com o tempo”, ensina o engenheiro. Entre as verdadeiras tragédias que podem ocorrer estão rompimento de tubulações de água, causando estragos de toda a natureza que deverão ser indenizados pelo condomínio, e fiação elétrica danificada por aumento da potência dos aparelhos e equipamentos domésticos. Para evitar os transtornos e gastos ainda maiores, May sugere a constituição de um fundo de reserva para os itens prioritários, especialmente os ligados a segurança, que permitam ao prédio “envelhecer sempre jovem”. O importante, alerta ele, é gastar no momento certo, com orientação técnica adequada, projetos bem definidos e execução dos trabalhos contratados com responsabilidade e garantias. “Tal precaução sempre trará economias sensíveis aos cofres do condomínio”, assegura.

 

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