Opinião

Conflito de gerações

Di Stefano Mariano

 

A minha geração é daquela antiga, que considerava ofensa propor a assinatura de um contrato. Segundo a educação que se recebia dos pais, em casa, a moral valia mais que qualquer dinheiro.Lembro que por diversas vezes meu pai armava competições entre os filhos. Participávamos delas com prazer e o jogo era sempre acirrado.

Certa vez, necessitando de recursos extras para as minhas andanças, recorri a meu pai. No prazo combinado para a devolução, no entanto, falhei. Como todos os dias almoçávamos juntos, a ladainha da cobrança me deixava muito chateado. Para quitar a dívida e acabar com as cobranças, consegui um adiantamento do meu salário. Entreguei o dinheiro e agradeci. A resposta que obtive foi: “Pode ficar com ele, o que importa é a sua palavra.” E teria a contar muitas histórias como essa, relativas à educação em família

Nestes últimos 50 anos, houve uma mudança radical na educação. Em sua maioria, os jovens não respeitam pais, professores ou idosos. Os pais, por medo de perder o amor dos filhos, chegam a acobertar as traquinagens dos pirralhos, a desculpa é que os filhos devem ser educados com liberdade. Na realidade, eles não querem ser pais educadores, mas agir como amigos, compactuando com as faltas dos filhos.

O desrespeito mais importante se dá nas escolas, públicas ou privadas. Alguns alunos se dirigem ao educador querendo impor novas regras, como mudar o sistema das notas ou usar o celular em aula. Ignorando as razões do mestre, dirigem-se a ele de forma arrogante: “Meu pai paga essa escola e o seu salário e você tem a obrigação de atender os nossos desejos.” Até o proprietário do estabelecimento de ensino, por vezes, concorda para não perder as mensalidades do aluno, fazendo vista grossa da própria incompetência.

Pais, voltemos às nossas raízes, elas têm a função principal de sustentar uma vida justa, honesta e honrada. Só assim as próximas gerações podem crescer com uma estrutura forte capaz de desafiar todos os problemas que encontrarão durante a passagem terrena.

Quanto mais profundas forem as raízes, mais forte será o tronco, que poderá desafiar todas as intempéries, com a sabedoria centenária.


Di Stefano Mariano
Vice-presidente da Delegacia Sindical do SEESP em Campinas

 

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