Giro paulista Eucaliptos contam história da expansão de Rio Claro e da ferrovia Lourdes Silva |
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Desde o início do século XX, quando foi criada como área florestal pertencente à Companhia Paulista de Estrada de Ferro, a Feena (Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade) ocupa papel destacado na história de Rio Claro. Após a estatização da companhia, em 1971, que se tornou Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), a área passou ao controle do Estado e lá permaneceu mesmo após a privatização, em 1998. Hoje, é uma das 92 unidades de conservação administradas pela Secretaria de Meio Ambiente. Além disso, em 1977, já havia sido tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), após a mobilização da população rioclarense. A organização da sociedade local, contando com o apoio do deputado Aldo Demarchi (PFL), também foi responsável pela sua transformação em floresta, em 2002, por meio do Decreto 46.819. Tudo começou quando o engenheiro agrônomo que empresta o nome à reserva recebeu, em 1903, a incumbência de prover a ferrovia de combustível para mover as máquinas a vapor. Chegando à conclusão de que a lenha do eucalipto adequava-se perfeitamente a esse fim, Andrade passou a produzi-la, bem como a pesquisar outros destinos a essa espécie. Comprovou a utilidade da madeira à produção de carvão, celulose e papel, postes, mourões, caibros, vigas e ripas, além dos dormentes usados vastamente pela ferrovia desde a década de 50. Foi assim que a área florestal, localizada nos municípios de Rio Claro e Santa Gertrudes, ocupando 2.230,53 hectares, tornou-se o centro da história da eucaliptocultura no Brasil, com mais de 200 espécies. “Ele provou que era possível substituir outras madeiras pelo eucalipto. Hoje, está consagrado, mas é preciso estimular o seu emprego e o plantio para atender a demanda”, lembra Armando Sartori, diretor da Delegacia Sindical do SEESP em Rio Claro e membro do Conselho Consultivo da Feena.
Pesquisa À época, segundo Denise Zanchetta, responsável pela Feena, a vegetação da área era composta por matas mesófilas, capoeira e plantações de café. Andrade introduziu em 1914 os primeiros eucalyptus sp. no Brasil, plantando 144 espécies, a partir de sementes oriundas especialmente da Austrália. Desse modo, formaram-se as “Coleções em linhas e talhões”, áreas experimentais dessa cultura, ainda existentes, que possibilitaram a dispersão dessas espécies para todo o Brasil. “Restam na floresta cerca de 60 das trazidas originalmente com algumas árvores centenárias de incomensurável valor biológico e histórico”, ensina. Depois, em 1916, conta ela, foram plantadas espécies nativas como canela, guatambu, ipê, jatobá, jequitibá, marfim e sassafrás. “Não cresceram tanto quanto se esperava, mas estão até hoje nos sub-bosques formados entre talhões de eucalipto, o que contribui à recomposição florística e paisagística do local.” Pela sua importância ambiental, tais espécies devem submeter-se a um manejo que assegure esses processos e sua preservação. Outra área com destaque é do Arboreto, criado próximo ao lago, em 1937, para subsidiar estudos. Depois, passou a possibilitar acesso às informações de silvicultura, científicas e didáticas, além de se tornar área de lazer na floresta. Nele, foram plantadas originalmente 496 árvores de 204 espécies.
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Proteção adicional |
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Segundo Denise Zanchetta, responsável pela floresta, consiste grande avanço o fato de o Horto ter se tornado a Feena (Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade) e, conseqüentemente, unidade de conservação protegida por lei. “Além disso, permite pesquisa científica, recreação, lazer, manejo e exploração sustentáveis”, explica. O manejo consiste em dispor de parte da floresta para um “plano de produção” que permite cortar, plantar e desbastar. Estão destinados a isso 55 hectares por ano, o que corresponde a 2,5% de 1.000 hectares. Os demais 1.230,53 hectares, que completam a área total da Feena, são destinados à conservação do patrimônio histórico e cultural, dos bancos de sementes de germoplasma de eucalipto e à proteção das matas permanentes. “Temos compromisso de fazer uma administração conjunta com a sociedade, dentro das normas previstas de estabelecer diferentes parcerias, em benefício da floresta”, assegura. A gestão participativa acontece por meio do Conselho Consultivo, composto por representantes da USP (Universidade de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista), SEESP, Câmara de Vereadores e Prefeituras Municipais de Rio Claro e Santa Gertrudes, entre outras entidades. Representante do sindicato nesse fórum, o engenheiro Armando Sartori pauta-se pela defesa dos interesses da população para o desenvolvimento da floresta. No rol de melhorias necessárias, destaca ele, está a revitalização da parte central da Feena, onde se situa o museu de eucalipto, a casa de madeira, o solar, o sobrado amarelo, o centro de convivência e a igreja. |
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