Opinião

Eficiência com segurança

Celso Atienza

 

Face às pressões enfrentadas pelas empresas para aumentarem seu nível de competitividade diante do inevitável fenômeno da globalização, evidencia-se a urgência de se alcançar a excelência em diversas áreas, buscando-se sobretudo agilidade no atendimento aos clientes. Essa premência não pode, contudo, deixar de lado a imperiosa necessidade de se implantar as respectivas medidas de proteção ao trabalhador, propiciando condições e meio ambiente interno de trabalho adequados.

É preciso ter em mente que, além do drama pessoal vivido pelo acidentado e sua família, essas ocorrências representam prejuízos à própria empresa e à sociedade como um todo, gerando custos à já combalida Previdência Social. Portanto, é preciso que governo, empregador e trabalhador atuem no sentido de buscar a contínua melhoria dos locais de trabalho, dotando parques industriais de condições dignas e seguras.

Deve-se ter em mente ainda que à medida que surgem novas tecnologias, há também novos riscos no ambiente de trabalho. É fundamental a análise dos impactos sociais trazidos pela inovação.

Tal postura, responsável, preventiva e comprometida com a segurança do trabalhador, é o único meio de se evitar trágicos números como os de 2004, quando se registrou a maior incidência de acidentes do trabalho desde 2000. Segundo dados divulgados pelo Sindiseg (Sindicato da Indústria de Material de Segurança) e pela ABS (Agência Brasil de Segurança), no ano passado houve 458.956 acidentes (211.559 na indústria e 202.566 no setor de serviços) – um acréscimo de 17,63% em relação a 2003. Entres esses, 2.801 foram fatais. Para se ter uma idéia, o número excede o de soldados americanos mortos no Iraque desde o início da invasão em 2003, contabilizados em 2 mil pelo governo dos Estados Unidos.
Os números, assustadores, demonstram a clara urgência em se dar prioridade à segurança. Ou os trabalhadores brasileiros continuarão a encontrar no trabalho uma ameaça às suas vidas e o País a arcar com os pesados custos dessa tragédia.

Celso Atienza
É vice-presidente do SEESP e engenheiro de Segurança do Trabalho

 

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