Opinião

Baixada quer transporte moderno e eficiente

José Antonio Marques Almeida

 

“A ver navios”. É assim que se encontra a população da Baixada Santista. Principalmente quem depende de transporte entre as cidades. Desde 1999, pelo menos. Somos uma região metropolitana. Mas apenas no nome. Direitos básicos, como o do transporte metropolitano, não estão concretizados. A ligação moderna e econômica entre as nossas cidades ainda está longe de uma definição. Sofrem Marias e Josés. Trabalhadores e trabalhadoras que precisam ir e vir de uma cidade para outra. Todos os dias.

No meio das necessidades reais de tanta gente estão os estudos, os projetos...as promessas. Já se passaram quase cinco anos desde a desativação do TIM (Trem Intrametropolitano). E nada foi colocado no lugar pelo Governo do Estado. Nada saiu do papel até agora. Uma nuvem de esperança apareceu no PPA (Plano Plurianual) de 2003. Nele, a implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) na Baixada era uma das proposições. Estamos em 2005 e nenhuma obra foi iniciada.
O VLT, sistema de transporte de passageiros entre as cidades, feito por composições de tração mista, elétrica e diesel, foi apresentado pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), órgão ligado ao Governo do Estado. O VLT, numa primeira de sete etapas, seria implantado numa antiga faixa em que funcionavam os trens intrametropolitanos, ligando as cidades de Santos, São Vicente e Praia Grande. O sistema atenderia uma demanda de mais de 40 mil passageiros por dia. Ao final das sete etapas, o sistema atenderia de Cubatão a Peruíbe.

Desde 1999, o VLT é apresentado como uma “opção racional”. Defendido como “necessário para a região”. Definido como uma “obra prioritária”. E elogiado, como moderno, eficaz, silencioso e não-poluente. Foi em cima disso tudo que torcemos para se tornasse realidade.

Quando pensávamos estar próximos de uma solução, ou seja, garantir transporte digno a milhares de pessoas, como da Área Continental de São Vicente e de outras cidades da Região Metropolitana da Baixada Santista, o que era eficaz se tornou ineficaz. E voltamos à estaca zero. Estranhamente, novo sistema eficaz e econômico é apresentado. Agora é o VLP (Veículo Leve sobre Pneus). Também pelos representantes do Governo do Estado, os mesmos que já defenderam o VLT.

Várias razões podem ser relacionadas para dizer que um projeto é menos viável que o outro. Mas nada justifica tanto tempo para amadurecer uma opinião contrária ao que há anos vinha sendo defendido. O Estado, que tão bem opera o sistema de metrô na Região Metropolitana de São Paulo, não pode deixar a Baixada Santista sem resposta. Sem um transporte tão bom e eficaz como o metrô. Aliás, o sistema de Veículo Leve sobre Trilhos é o próprio metrô de superfície.

Queremos o debate. Defendemos o melhor para a população, e não apenas discutir valores ou custos que o Estado pode ou não bancar. O Governo tem meios de assumir ou buscar os recursos necessários para oferecer o melhor para os cidadãos e cidadãs.

 

José Antonio Marques Almeida (Jama)
É diretor do SEESP e vereador de Santos

 

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