Editorial


Não ao cabide, sim às contratações necessárias

Em sua edição de 5 de fevereiro, o jornal O Estado de S. Paulo faz uma severa crítica à abertura de concursos públicos para contratação de pessoal a órgãos como a Transpetro, subsidiária da Petrobras para a área de transporte de petróleo e derivados, e o Dnit (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes).

Basicamente, a matéria aponta atitude eleitoreira do governo ao realizar as contratações no ano em que se encerra o mandato. Tal prática – de lançar mão dos meios públicos para fins político-partidários – deve ser repudiada pela sociedade e evitada por governantes. No entanto, caso sejam necessários ao bom desempenho das atividades das empresas estatais e órgãos governamentais, profissionais qualificados devem ser admitidos, mediante realização de concurso. Tal medida em nada se assemelha ao péssimo hábito nacional do cabide de emprego, no qual gente em geral sem qualificação é muito bem-remunerada para não atender aos interesses do contribuinte.

Mão-de-obra adequada
Num exercício de reflexão, tomem-se os dois casos citados. O Dnit é o responsável pela operação emergencial de recuperação das estradas federais, que, ao que tudo indica, não está sendo feita conforme a boa engenharia manda. Segundo indicam especialistas e reconheceu o próprio departamento de infra-estrutura, não há projetos de engenharia para cada caso, o que seria necessário, tendo em vista diferenças de clima e solo, por exemplo. Além disso, o estado caótico das rodovias deve-se à falta de manutenção preventiva e permanente. Aparentemente, o órgão poderia muito bem usar mão-de-obra qualificada.

No que diz respeito à Transpetro, as contratações visam substituir terceirizações, decisão, em princípio, acertada. A utilização dessa mão-de-obra já recebeu diversas críticas, tendo sido apontada como uma das causas dos acidentes ocorridos na Petrobras, inclusive o afundamento da plataforma P-36, o que resultou em 11 vítimas fatais, em 15 de março de 2001. Na ocasião, divulgou-se que 2/3 dos 34.320 profissionais que atuavam junto à companhia encontravam-se nessa situação. Além disso, também eram terceirizados os treinamentos, inclusive os de salvatagem (de combate a incêndio e segurança) (JE 165).
Finalmente, é óbvio não ser possível ou aconselhável resolver o problema do desemprego brasileiro à base de contratações públicas, conforme ironiza uma das fontes da publicação. No entanto, novas vagas para as áreas técnicas, a serem preenchidas pelo melhor candidato, são sem dúvida motivo de comemoração pelos bons profissionais que buscam um lugar no mercado.

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

 

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