Giro paulista

Botucatu incentiva empreendimentos de cunho tecnológico

Soraya Misleh

 

No Estado de São Paulo, onde um em cada cinco cidadãos com 18 anos ou mais possui pequeno negócio ou pretende iniciar um nos próximos 12 meses, segundo pesquisa feita pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), algumas iniciativas locais prometem estimular o empreendedorismo, ampliando as possibilidades de êxito.

No município de Botucatu, a pretensão atual é alavancar pequenos empreendimentos voltados ao agronegócio, meio ambiente e biotecnologia. Com tal intuito, foi inaugurada em 4 de novembro incubadora de base tecnológica para hospedar projetos nessas linhas. Fruto da parceria entre a Prefeitura da cidade, Sebrae, Fepaf (Fundação de Estudos e Pesquisas Agronômicas e Florestais) e FCA-Unesp (Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”) – Campus Lajeado de Botucatu, está instalada nesse último espaço. Segundo o diretor de tal instituição, Leonardo Theodoro Büll, a idéia de lançá-la enquadra-se na Lei de Inovação Tecnológica, que prevê a criação de áreas do gênero.

 

O município, cuja principal atividade é industrial, oferece oportunidades nos três segmentos a que se destina a incubadora, garante o secretário da Indústria e Comércio de Botucatu, Edison Baptistão. Büll atesta: “Mercado tem para todas as empresas na localidade.” Seja em função das diversas atividades ligadas ao agronegócio, conforme complementa, seja devido à necessidade de preservar o ambiente. “Em Botucatu, muitas pesquisas eram realizadas por mestres, doutores e isso ficava trancado nos seus armários. A idéia é tirar proveito desse potencial, de modo que gere emprego e renda à cidade”, enfatiza Baptistão. Para estimular as empresas hoje hospedadas a permanecer na localidade após sua saída da incubadora – onde podem ficar por, no máximo, 24 meses –, a administração pretende oferecer-lhes condições à sua instalação. “A prefeitura doará terreno com terraplenagem, ponto de água e infra-estrutura no Distrito Industrial”, promete o secretário.

 

A incubadora
Conforme o seu gerente, Antonio Vicente da Silva, no prédio que a incubadora ocupa, com 1.070 metros quadrados, já estão funcionando 12 empresas – das quais quatro são juniores, cuja finalidade é treinar estudantes da universidade para o empreendedorismo. O espaço, ainda de acordo com ele, pode abrigar mais dez. A professora Catalina Romero Lopes, que foi uma das líderes do projeto genoma, é uma das que estão instaladas no local. Sua proposta inclui, como explicita ela, pesquisa em genética molecular aplicada ao melhoramento. O plano é desenvolver, a partir de gênero pertencente às leguminosas, novos cultivares voltados a melhorar a alimentação do gado bovino e que podem vir a ser alternativa a “certos compostos necessários à saúde humana e animal”. Já o projeto do empreendedor Ricardo de Oliveira Orsi é desenvolver equipamentos que “vão facilitar o dia-a-dia do apicultor no campo”. Além disso, entre os serviços ofertados por incubadas, estão desde consultoria e atuação em meio ambiente e engenharia florestal – como a propiciada pela Meta Ambiental, primeira empresa a se instalar no espaço –, até promoção de intercâmbio de viagens destinadas ao desenvolvimento tecnológico.

Sem o apoio propiciado por uma incubadora – que inclui custos bastante reduzidos para uso da infra-estrutura (nessa em Botucatu giram em torno de R$ 70,00 e R$ 90,00), consultoria e treinamento gratuitos –, esses conhecimentos poderiam não ser aproveitados. Segundo Fábio Angelo Bonassi, gerente do Escritório Regional do Sebrae no município, no geral, o índice de mortalidade de novos pequenos negócios no Estado de São Paulo é de 56%, em um horizonte de cinco anos. Já entre as que têm a oportunidade de se hospedar em espaço próprio ao seu desenvolvimento, Baptistão estima que em torno de 80% delas deslanchem.

 

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