Opinião

Bicicleta e mobilidade urbana

José Antonio Marques Almeida

 

“Cidadãos (incluindo as crianças) devem ter o direito de usar bicicletas quando o desejarem. O uso de bicicleta requer maior aceitação e promoção em todas as organizações e governos relevantes de todo o mundo para o que conclamamos por ação.” Esse é o início da declaração de Amsterdã sobre o direito de usar bicicletas, aprovada pelos participantes da Conferência Velo Mundial 2000.

O uso da bicicleta tem muitas vantagens para o indivíduo, para a sociedade e também para o meio ambiente. O ciclismo é um meio de transporte rápido, eficiente, com mobilidade de porta a porta. A economia social de quem usa bicicleta é significativa.

O ciclista não fica preso em congestionamentos. O tempo de viagem, em muitas condições, é bem menor em relação aos meios de transporte. Distâncias de até cinco quilômetros são ideais para serem percorridas por bicicletas. Segundo a FPCUB (Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta), a maioria das viagens feitas de carro é de curta distância, de seis a sete quilômetros. E quase a metade das viagens é menor que 7,5 quilômetros, meia hora a pedalar. Portanto, a bicicleta é uma alternativa real ao automóvel.

Na nossa sociedade, o espaço urbano é disputado praticamente a tapa. Além do estresse moderno dos congestionamentos, o meio ambiente sofre as conseqüências desse caos. A bicicleta é um transporte silencioso, limpo e sustentável (não poluente). É saudável para o ser humano.

Esse meio de transporte alternativo é bem utilizado pelo cidadão europeu. É elevada a mobilidade por bicicleta entre holandeses, flamengos, alemães, dinamarqueses, suecos e noruegueses. O asiático reúne em cada estação de trem 10 mil bicicletas.

Na Baixada Santista, ainda não conseguimos reconhecer na economia regional de Santos, Guarujá, São Vicente, Cubatão e Praia Grande a nossa densidade de bicicletas circulando pelas balsas, pela Ponte Pênsil, pela Ponte dos Barreiros, pelas orlas da praia etc. Apesar da nossa densidade ciclística ser tão alta quanto naqueles países da Europa e da Ásia, não temos um planejamento integrado dos sistemas de ciclovias entre as cidades, ainda carecemos de políticas de segurança e de trânsito.

O mundo passa por uma transformação perigosa, tantas são as agressões ambientais, causadas por vários motivos. O transporte que utiliza o combustível fóssil é um deles. Por que, então, não pensarmos o mundo de forma diferente? Por que não abrirmos nossas cidades para outras formas de transporte, mobilidade e convivência? A bicicleta é uma boa forma de termos transporte limpo e saudável. Pode pedalar o homem, a mulher, o jovem, o adulto, a terceira idade, o rico, o pobre...

A bicicleta deve fazer parte de um sistema intermodal de mobilidade urbana, com estrutura para seu estacionamento ou transporte. O debate é urgente. Que os nossos governos, em todos os níveis, e as nossas autoridades de trânsito acordem do sono provocado pelo automóvel antes que seja tarde demais.

 

José Antonio Marques Almeida (Jama)
É diretor da Delegacia Sindical do SEESP na Baixada Santista e vereador em Santos pelo PDT

 

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