Editorial

Hora do voto: espantar a apatia e a desesperança

 

O Brasil chega, no próximo dia 1º de outubro, novamente a uma grande eleição. Escolheremos o presidente da República, o governador do Estado, senadores, deputados federais e estaduais. Na democracia representativa, este é sem dúvida o momento mais importante para o eleitor. Instrumento essencial de exercício da cidadania – ainda que não seja e não deva ser o único –, o voto deve ser visto dessa forma e levado muitíssimo a sério.

É hora, portanto, de encarar a tarefa com responsabilidade e deixar de lado a apatia ou a desesperança.

É preciso ter em mente que por pior que tenha sido a performance de muitos representantes políticos – e estão aí os mensalões, sanguessugas e assemelhados a nos lembrar disso –, esses foram eleitos democraticamente. Se não corresponderam às expectativas ou mesmo traíram a confiança que lhes foi depositada, é a oportunidade de trocá-los. Acaciano, porém verdadeiro.

Obviamente, a democracia hoje, não só no Brasil, apresenta limitações de várias ordens. Em tempos de possibilidades infinitas de consumo, garantidas pela globalização financeira e pela intensa transformação tecnológica – mas apenas à metade da humanidade que integra de fato essa sociedade global –, a política perde importância. Os destinos dos cidadãos freqüentemente subordinam-se a aparatos burocráticos apenas formalmente democráticos ou a interesses de mercado.

Ao lançar um olhar sobre aquela que tradicionalmente é chamada a maior democracia do mundo, a dos Estados Unidos, tem-se uma idéia de sua indigência. A pretexto de combater o terrorismo, desde o atentado do 11 de setembro cerceiam-se direitos civis, bisbilhota-se a vida privada dos cidadãos, perseguem-se imigrantes. Na terra da oportunidade, fraudes contábeis e promiscuidade entre público e privado tiram das mãos dos contribuintes qualquer controle sobre os gastos feitos com seus impostos.

Há também o risco de a democracia se limitar a uma visão reducionista que a transforma em mera disputa entre partidos por posições e influência no aparato estatal. Contabilizados os votos que decidirão quem disporá do poder administrativo, os cidadãos são convidados a cuidar de suas próprias vidas e deixar a política aos políticos.

Pois aqui trata-se de aperfeiçoar o sistema e não de sucumbir à sua precariedade. Construir a democracia brasileira, relativamente recente, é tarefa de fôlego, cotidiana e que cabe a todos. Portanto, deve-se lutar por maior participação nos destinos do País, consolidar a cidadania. E o voto de forma alguma pode ser menosprezado. Deve, ao contrário, ser muito valorizado; ganha maior importância e é preciso usá-lo de forma consciente e responsável. Nos próximos dias, todos teremos a oportunidade de fazê-lo.

 

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

 

 

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