Giro paulista

Araras sedia feira de aviação e homenageia Santos-Dumont

Lourdes Silva

 

A cidade recebeu entre os dias 5 e 8 de outubro a décima edição da Expo Aero Brasil, que em 2006 homenageou o pai da aviação, Alberto Santos-Dumont, pelo centenário do primeiro vôo do 14-Bis – em 23 de outubro de 1906, tal aeronave, construída pelo brasileiro, decolou autonomamente, sobrevoou o Campo de Bagatelle, em Paris, e 60 metros depois pousou em segurança, realizando definitivamente um dos mais antigos desejos do homem.

Das máquinas voadoras do início do século XX aos dias de hoje, o salto foi grande, como demonstrou o evento realizado no Centro Aeronáutico de Araras, o maior da América Latina e um dos mais importantes do mundo. Foram 278 expositores oriundos do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, República Tcheca, Argentina e Uruguai. Segundo os organizadores, a feira movimentou U$ 46,3 milhões em negócios. Além disso, registrou 694 aeronaves visitantes, 1.417 pousos e decolagens e um público de 76.841 pessoas, que não só puderam apreciar os aviões no solo, mas também assistir a shows acrobáticos.

“A feira ajuda a estimular o crescimento de todo comércio aeronáutico brasileiro”, garante o comandante Décio Correa, presidente da Aeromarketing Promoções e Eventos, empresa responsável pela organização e realização da Expo Aero. Segundo ele, o Brasil tem a segunda maior frota de aviação geral e de helicópteros do mundo, somando 16.524 e 1.080 aeronaves respectivamente, e a quarta maior fabricante de aviões, que é a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.). “O objetivo é transformar a feira num ponto de encontro entre quem produz e quem consome”, explica.

Se o evento é significativo para o setor, também é para o município, que vê aquecida a economia local.

Por cerca de 30 dias, a feira garante clientela a hotéis, que ficam lotados, restaurantes, bares, casas de shows e comércio em geral, não só nos limites da cidade, mas ainda num raio de 100 quilômetros. Segundo Luiz Mauro Celtron, presidente da Agência Municipal de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento, para atrair a Expo Aero, que acontece em Araras desde 2003, o poder público investiu cerca de R$ 1 milhão na ampliação do estacionamento estático para aeronaves, no asfaltamento do galpão onde é realizada a feira, na duplicação da avenida próxima ao local e demais melhorias. A expectativa agora, afirma ele, “é atrair novos investimentos e tornar a cidade um pólo tecnológico na área de aviação”. Como retorno, ele espera ainda que o espaço utilizado pela feira abrigue atividades como balonismo, pára-quedismo, aeromodelismo e exposições de carros antigos.

 
Novidades para quem é do ramo

Com tecnologia nacional, exceto o motor inglês, o ACS-100 SORA é um ultraleve avançado para uso recreacional de dois lugares. A ACS Advanced Composites Solutions transformou o projeto original, substituindo a madeira por materiais compostos para viabilizar a fabricação em série e otimizar sua estrutura. “Isso aumenta a resistência e diminui o peso”, assegura Leandro Guimarães Maia, sócio-diretor da empresa. Agrega inovações como pára-quedas balístico, que garante sua operação caso o motor entre em pane, motor a diesel e moderna aviônica com telas digitais feitas pela Flight Technologies. O seu diretor, Benedito Carlos de Oliveira Maciel, informou que “os displays substituirão os mostradores analógicos”, o que facilitará a pilotagem e a navegação.

Outra novidade é da Fabe (Fábrica Brasileira de Aeronaves), concretizada no Bumerangue EX-25, que foi premiado como melhor projeto da feira. O avião estilo Canard, bi-place, atinge 350 a 412 quilômetros/hora em vôo de cruzeiro. “Por não ser pressurizado, a altitude limite é 12 mil pés”, informa Jorge Lassi, piloto e diretor comercial da Fabe. Ao preço de US$ 130 mil, quatro já foram vendidos e a empresa tem 50 intenções de compra.

Produzir nostalgia em série. Essa é a proposta da construção com material novo da réplica do CAP-04 Paulistinha, fabricado de 1943 a 1947. O diferencial desse avião experimental ultraleve para duas pessoas é o peso. Poderá ser usado para turismo. Cruza a uma velocidade de 120 quilômetros/hora e pode atingir altura de até 8.200 pés.

O SeaRey é o primeiro ultraleve anfíbio lançado no Brasil. Fabricado e vendido em kits pela Progressive AerodyneInc, é representado no País pela Proavia Ltda. e montado em São Carlos. Tem dois lugares e estrutura de alumínio aeronáutico, com fuselagem de fibra de vidro ou de carbono. Mais de 400 voam em 22 países. Destaca-se pela robustez e linhas arrojadas. O RV-9 é outro kit importado dos EUA. Foi lançado no País em 2005 e é montado pela Flyer Indústria Aeronáutica Ltda., na cidade de Sumaré. O ultraleve para duas pessoas construído em alumínio atinge velocidade de 300 quilômetros/hora a 7 mil pés de altitude. No Brasil, 18 estão voando e 26 já estão vendidos. Custa US$ 110 mil, segundo Glauco Rodrigo Donato, piloto de teste e vendedor de aeronaves dessa empresa.

 

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