Giro paulista

Indústria de eletrônicos impulsiona desenvolvimento de Jaguariúna

Soraya Misleh

 

Incrustrada na Região Metropolitana de Campinas, pólo de alta tecnologia no Estado de São Paulo, Jaguariúna teve seu desenvolvimento atrelado à vinda de grandes multinacionais, como a Motorola, que ali se instalou em 1996. Quem conta é o vice-prefeito e secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Dimas Lúcio Pires: “Há 23 anos, a cidade começou a se preparar para receber empresas de porte e tecnologia de ponta.”

Servida por várias rodovias, com facilidades ao acesso, transporte e logística, Jaguariúna beneficiou-se de sua localização privilegiada: foi uma das escolhidas por indústrias de eletrônicos que pretendiam deixar os grandes centros urbanos e se estabelecer em destinos de pequeno e médio porte, confirma Pires. A administração municipal aproveitou a condição favorável e concedeu incentivos fiscais a essas empresas. “A cidade se tornou um pólo de atração.” Tendo em vista a posição já consolidada, segundo o vice-prefeito, a Prefeitura não mais concede vantagens tributárias a indústrias, embora o processo de migração à região continue.

O resultado, garante, foi um crescimento acelerado de sua economia e desenvolvimento significativo. Segundo divulga a administração local, estudo realizado pela Confederação Nacional dos Municípios aponta-a como líder no ranking de desempenho social na região. A cidade tem, de acordo com Pires, o menor índice de desemprego em comparação aos destinos vizinhos: apenas 1% da População Economicamente Ativa (209 pessoas) terminou 2005 fora do mercado de trabalho. Conforme o vice-prefeito, profissionais de toda a região se beneficiam, inclusive engenheiros, uma vez que exige-se mão-de-obra altamente qualificada. Somente na Motorola, informa sua assessoria de comunicação, são 800 profissionais da categoria trabalhando na área de pesquisa e desenvolvimento. Esse foi o impacto direto à comunidade, com conseqüente geração de renda, assevera Pires. Ainda segundo o vice-prefeito, graças à atividade dessa multinacional, Jaguariúna assumiu o primeiro lugar em exportação na Região Metropolitana de Campinas. A presença da Motorola, afirma a assessoria, traz outras vantagens à população, já que a empresa apóia iniciativas educacionais, sociais, culturais e de meio ambiente.

 

A região
Não por acaso o Cenpra (Centro de Pesquisas Renato Archer), sucessor da Fundação Centro Tecnológico para Informática – cuja criação foi autorizada em 1984 – e ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, instalou-se na região que congrega 19 municípios. “A missão original da entidade foi a de constituir-se em um instrumento do governo federal para a execução de políticas públicas voltadas à emergente área das tecnologias da informação, priorizando, particularmente, o apoio ao setor industrial. Estabeleceu-se em Campinas em função de seu grande potencial de contribuição para o desenvolvimento socioeconômico, uma vez que a região abriga instituições de ensino de renome e outras de pesquisa e desenvolvimento, além de um complexo industrial na área de eletrônica e informática”, relata o seu diretor, Carlos Ignácio Mammana. Conforme ele, os projetos já elaborados ou em execução no Cenpra incluem o desenvolvimento de chips para leitoras de cartão magnético e de sistemas embarcados para a indústria automobilística.

Atualmente, a entidade integra, juntamente com prefeituras locais e outras instituições, a Fundação Fórum Campinas. Essa “busca o máximo aproveitamento das potencialidades regionais, constituindo-se num fórum de debates para a concepção de projetos que contribuam para ampliar os investimentos produtivos na região, resgatando e ampliando a infra-estrutura que sempre a distinguiu”. Nesse ambiente, enfatiza, “o Cenpra tem se destacado na prestação de serviços de alto conteúdo tecnológico para as indústrias localizadas em Jaguariúna, em especial serviços de qualificação e análise de falhas em produtos eletrônicos para empresas como Motorola, Solectron e Freescale”.

 

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