Editorial

Mobilização pelo desenvolvimento

 

As mais de duas décadas de estagnação que afligem os brasileiros, além de desemprego e potencial desperdiçado, tiveram ainda outro efeito maléfico: a apatia. Sobretudo ao longo dos anos 90, quando se consolidava a financeirização da economia no Brasil e a cartilha neoliberal ganhava poder, a sociedade foi colocada na defensiva e acabou por demonstrar certo desânimo para exigir que o rumo fosse outro.

Esse quadro felizmente começa a mudar. A sociedade, já convencida de que as medidas de liberalização e desregulamentação não cumpriram as promessas feitas, passa a exigir que o Estado assuma seu papel, que os governantes exerçam a tarefa que lhes cabe e conduzam o País para fora do processo de encolhimento econômico, seguindo um projeto nacional sustentável, em benefício da maioria.

O projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado em 2006 pela FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), é também uma expressão dessa mobilização. O lançamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) certamente é resultado desse anseio da população, manifestado nas urnas, tendo em vista que a maioria do eleitorado votou nas promessas de crescimento e geração de emprego.

Um evento promovido pelo Instituto Maurício Grabois (leia mais aqui), em 20 de abril, no SEESP, ajuda a dar a dimensão de como o desenvolvimento voltou à agenda nacional. Cerca de 500 pessoas lotaram o auditório da entidade para ouvir um debate entre os deputados Ciro Gomes (PSB), Aldo Rebelo (PCdoB), Paulo Pereira (PDT) e o economista Marcio Pochmann sobre o PAC. A discussão, de altíssimo nível, deixou clara a urgência em se efetivar o programa, apontando inclusive o risco de que isso não aconteça devido à taxa básica de juros, que continua alta, e dificuldades de gestão que o Estado pode encontrar.

O evento demonstrou mais uma vez o acerto dos engenheiros brasileiros de, corajosamente, proporem o debate sobre a volta do crescimento e apresentar a sua contribuição para que o Brasil volte a crescer. Com diversas convergências com o PAC, o Cresce Brasil foi inclusive referência nas intervenções dos palestrantes, que apontaram a pertinência das proposições.

Temos, portanto, boas notícias. Estamos nos aproximando do dia em que o Brasil deixe de ser o paraíso do rentismo e se torne uma nação que busca sua inserção soberana no mundo e garante condições dignas de vida e trabalho a sua população.

 

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

 

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