Opinião

A fragilidade da vida no planeta e o papel ético dos engenheiros

 

A Terra, com a sua exuberância e diversidade paisagística, mineral e biológica, é um fenômeno raro no universo. Sua massa, distância do Sol e condições de pressão atmosférica e temperatura permitem a existência de água que, aliada à atmosfera rica em oxigênio, propicia a existência da vida na forma como a conhecemos.

Temos, portanto, uma jóia rara. No entanto, seus recursos são finitos e estão sendo exauridos rapidamente. O homem também altera os ciclos naturais da água e de minerais, indispensáveis à continuidade da biodiversidade na qual nos incluímos.

Estudos alertam que, caso continue o exponencial aumento da população humana, em cerca de 30 anos (previsão para o período de 2030 a 2040), o ambiente que nos propicia uma vida saudável na Terra estará prejudicado irreversivelmente. Vejamos, então:

  • com o aumento da população humana – cerca de 8 bilhões de habitantes (entre 2030 e 2040) –, a produção de alimentos estará bastante abaixo da demanda, havendo escassez;
  • as águas para abastecimento público estarão poluídas devido à ocupação não-sustentável e à degradação ambiental das áreas que devem ser conservadas, como bacias hidrográficas dos mananciais;
  • a atmosfera – poluída irreversivelmente e sob a influência do efeito estufa e do conseqüente aumento da temperatura – estará severamente comprometida, gerando alterações climáticas devido ao excesso de emissões poluentes veiculares e industriais despejadas no ambiente e, pior, à remoção das florestas (fixadoras de CO2 e geradoras de O2).

As piores previsões – excesso de pessoas, produção de alimentos abaixo do necessário, água doce e atmosfera comprometidas – já começaram a acontecer e demandam ações efetivas para serem revertidas. Uma ferramenta imprescindível para fazer com que prevaleçam medidas em favor do meio ambiente é a lei aliada à técnica. Porém, é fundamental que haja conscientização quanto à importância da recuperação do planeta. Isso será essencial para que se tomem decisões que sejam, acima de tudo, éticas e possam nos desviar dos extremos aos quais podemos chegar. Nesse sentido, a engenharia, tendo as perícias ambientais como um dos caminhos, tem se mostrado uma ferramenta de fundamental importância à conservação, preservação e recuperação do planeta, guiando-se por princípios do desenvolvimento sustentável.

 

Paulo Wanderley da Silva
É engenheiro da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e especialista em controle de poluição ambiental, tendo atuado em planejamento e licenciamento ambiental e proteção aos mananciais. É também professor de Perícias Ambientais em pós-graduação em Gestão Ambiental.

 

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