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Engenheiro transforma paixão pelos selos em
atividade profissional
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A filatelia é um hobby
que geralmente nasce na infância. Porém, pode florescer na idade
adulta e tornar-se até meio de vida. Foi o caso do engenheiro Walter
Maretti.
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"Uma janela para o
mundo." Essa é a definição do engenheiro mecânico Walter Maretti para
a filatelia, que adotou como hobby aos nove anos de idade e há cerca
de cinco transformou em atividade comercial. Ele exerceu a sua profissão de
formação por mais de 34 anos, 22 dos quais na Cesp (Companhia Energética de
São Paulo). Quando se aposentou, em 1995, decidiu dedicar-se em tempo
integral à paixão que cultivara desde criança. Adquiriu a loja Stamps
Centro Filatélico (ver endereço no quadro abaixo) e está
reorganizando seu acervo, que hoje soma milhões de selos.
A coleção começou na
infância aleatoriamente, incluindo diversos tipos de selos. Deixado de lado
por alguns anos, o hobby foi resgatado anos depois já com algum
critério de seleção. Maretti escolheu então o futebol como tema. Porém,
esse era demasiadamente extenso e foi reduzido para "Copa do Mundo",
e, finalmente, somente países-sede. Contudo, o universo ainda era vasto e ele
decidiu vendê-los. A próxima coleção temática foi a de "variedades
do Brasil". Esses selos, antes da prova final, apresentam falhas de
picote, deslocamento de cores ou algum outro defeito. Segundo o engenheiro,
podem custar até mil vezes o valor de um normal, e inclusive ser mais caros
que alguns mitos da filatelia. "Muita gente acha que nunca terá um Olho
de Boi, o segundo selo emitido no mundo, em 1834, mas é perfeitamente
acessível", garantiu Maretti. Conforme explicou ele, conta mais o estado
de conservação, já que 95% dos que estão circulando apresentam defeitos.
Um Olho de Boi de 60 réis carimbado custa entre R$ 100,00 e R$ 150,00 — os
não-carimbados são mais caros. Com uma imperfeição maior, pode ficar em R$
50,00. E mesmo um desses perfeito nunca será superior a R$ 500,00. Já uma
peça inteira, com 18 Olhos de Boi de 90 réis, pode custar uma
fortuna, devido a sua raridade. Outro fator de valorização do selo é o seu
preço facial, a quantidade emitida e a sua antigüidade. "Quem encontrar
essas características reunidas poderá ter um bom negócio nas mãos",
assegurou.
De acordo com Maretti, no
geral, uma coleção de selos nunca custará uma fortuna e o seu comércio
traz retorno financeiro, diferentemente do que se apregoa. No entanto,
advertiu, "é melhor que se encare a atividade como hobby, porque
sem paixão pelos selos, o negócio não dará certo". Segundo afirmou
ele, outra vantagem para quem está interessado em investir na filatelia é o
grande mercado a ser explorado no Brasil. "Para se ter uma idéia, na
Alemanha, cujos selos são os mais procurados do mundo e o assunto faz parte
do currículo escolar, existem 7 milhões de filatelistas cadastrados. No
Brasil, esse número não deve passar de 7 mil." Maretti lembrou ainda
que a época também é favorável para a compra de selos do País, devido à
valorização do dólar.
Começando a coleção
Na Stamps, Maretti dá
orientação aos interessados em iniciar sua coleção, tranqüilizando-os
quanto ao custo do hobby, que, no começo, não supera os R$ 50,00. A
atenção às crianças é especial, pois normalmente o interesse pelos selos
nasce nessa fase da vida. "É importante que os pais as incentivem, sem
forçá-las. Se gostarem, poderão ter uma grande paixão por toda a vida.
Além disso, é um bom exercício para despertar o tino comercial",
contou. Independente da idade, o segredo para os principiantes é saber por
onde começar. Para crianças entre oito e dez anos, a sugestão é colecionar
selos do mundo inteiro, o que pode auxiliar no aprendizado de História e
Geografia ao se localizar no atlas o país de origem. Depois, aos 13 ou 14,
já familiarizado com o assunto, o adolescente poderá definir um tema e um
país — dica também válida para os adultos. "Colecionando-se selos
universais indefinidamente, nunca se terá nada. Os temáticos permitem que a
pessoa lide com o que tem mais afinidade, como esportes, animais, aviões e um
sem-fim de opções", acrescentou Maretti. Se o tema escolhido for
Engenharia, há selos sobre todas as áreas, como pontes, viadutos, meios de
transporte e usinas hidrelétricas.
Segundo ensinou ele, a vantagem de se optar por
um determinado tema é o fato de poder incluir na coleção os selos
estrangeiros e ter a oportunidade de reunir todo o material disponível. A
partir daí, basta seguir completando com os novos. Indispensáveis nesse
trabalho são os catálogos, considerados a bíblia do filatelista, que, no
caso de coleções temáticas, terão que ser importados, pois não existem
nacionais disponíveis no mercado. Já para os brasileiros, há edições
atualizadas anualmente.
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Pacote Básico
Selos -
O preço de um pacote com 500 universais é R$ 15,00.
Pinça -
Ferramenta de todos os momentos, uma alemã, considerada a melhor,
custa em média R$ 10,00.
Classificador -
Serve para encaixar os selos organizados em ordem alfabética por
país. A partir de R$ 15,00.
Catálogo -
Nele, são impressos todos os selos emitidos, com informações
detalhadas, inclusive preço de cada um. O de selos brasileiros custa
aproximadamente R$ 30,00.
Cuidados importantes
Jamais coloque os dedos
sobre os selos, especialmente no verso, — apenas os da época do
Império são aceitos sem goma. Cuidado com o picote, se faltar um
dente e o selo for comum, perderá todo o valor. Para tirar o de uma
carta, recorte o papel distante do picote, coloque dentro de uma
vasilha com água — em três horas ele se soltará. Para secar,
coloque sobre um caderno de jornal com a face voltada para baixo.
Postais antigos podem ter valor maior que o selo, guarde sem tirá-lo.
O correio elabora o edital de cada selo emitido e o fornece
gratuitamente.
Maiores informações na Stamps Centro
Filatélico - Avenida Paulista, 2.001- sobreloja 30. Telefone (011)
284-4019, das 12 às 21 horas.
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