NATAL COM JUROS DE UM DÍGITO |
Os
juros asfixiantes estão garroteando a economia brasileira, aumentando
exponencialmente a dívida pública, concentrando renda, estagnando a
produção, aniquilando empresas e promovendo o maior desemprego jamais
constatado no país. Já
é hora dos responsáveis pela política econômica do governo formularem
e colocarem
os juros básicos em um dígito até o final de 99. Só isso,
todavia, é insuficiente. É preciso forçar a queda de juros ao
consumidor. Ao contrário do que hoje ocorre, tendo na ponta o consumidor
e o correntista no vermelho do cheque especial, arcando com juros que
atingem de 150% a 200% ou mais ao ano, para os quais a taxa básica de
juros estabelecida pelo Copom, de 19,5%, é mera peça de ficção. Além
de desonerar as contas públicas e aquecer a economia, a queda da taxa de
juros impelirá o capital especulativo a migrar para os setores
produtivos, criando espaço para a retomada do crescimento econômico e a
geração de empregos. No Brasil, o capital financeiro é refém do déficit
público. Aos grandes aplicadores só resta renovar os papagaios do
governo, mesmo a juros menores, rolando o déficit público. A verdade é
que o investidor não tem onde aplicar recursos no curto prazo. A
variável de ajuste deve ser o câmbio e não o crescimento econômico.
Que o governo deixe o dólar flutuar livremente, mesmo que isso implique
em elevação do seu preço. O
câmbio elevado é um poderoso fator de inibição das importações,
criando o ambiente necessário para a indústria nacional de bens e serviços;
conterá a saída de dólares através de viagens de brasileiros ao
exterior e incentivará o turismo interno, gerando emprego e renda no
Brasil e, sobretudo, abrirá fronteiras para o almejado crescimento da
exportação, tornando os preços dos produtos brasileiros competitivos no
mercado internacional e abrindo espaço internamente para a criação de
mais postos de trabalho. De
outro lado, passível de ocorrer, estaria uma pressão inflacionária
decorrente da própria desvalorização do real, para a qual, porém, o
governo dispõe de mecanismos de controle. Contudo, como já constatado,
se, de um lado, a desvalorização do real da ordem de 60%, desde o início
do ano, não comprometeu a sua estabilidade, por outro, também não
trouxe o desejado aquecimento da produção e aumento das exportações,
visto que nossos produtos carregam os elevados índices dos juros. É
imperativa a retomada do crescimento econômico. Só o crescimento
sustentado e o aumento da receita com exportações permitirão ao país
administrar a sua dívida e dispor de dólares para as importações
necessárias. Portanto,
juros de um dígito. Eng. Paulo Tromboni de Souza Nascimento Presidente |