É PRECISO MUDAR A POLÍTICA ECONÔMICA JÁ

 

A política econômica parece inspirar-se no sonho dourado dos detentores de capital financeiro — garantia do valor do dinheiro com inflação muito baixa; garantia de juros altos em títulos públicos, sem nenhum esforço produtivo; total facilidade para sair do país, convertendo reais em dólares ao menor sinal de turbulência ou oportunidades melhores no exterior; redução dos salários reais; superávit operacional que garanta o pagamento dos juros da dívida pública; importações liberadas para segurar preços; abertura ao capital estrangeiro para comprar nossas empresas, principalmente em privatizações que produziram aumento de tarifas, aumento da pressão sobre o balanço de pagamentos e queda de qualidade dos serviços prestados; facilidades para evasão fiscal via planejamento tributário; juros subsidiados para os investimentos dos grandes grupos, ainda que para compra de estatais brasileiras por grandes e ricas empresas estrangeiras.

Não surpreende que o Brasil marque passo no desenvolvimento econômico. Todo o nosso potencial de investimento está sendo canaliza­do para vender os nossos ativos e prejudicar  a nossa capacidade de ampliar a infra-estrutura e a estrutura produtiva. O mais incrível é que os setores que apresentam algum desempenho positivo, aeronáutico ou automobilístico, por exemplo, são justamente os setores em que as políticas macroeconômicas acima foram man­dadas às favas, substituídas por crédito desla­vado à exportação e mecanismos de proteção ao mercado interno.

Não bastassem essas políticas pelo lado da oferta, o Governo insiste em estrangular a demanda, promovendo a redução do mercado consumidor de massas; promovendo o desemprego via política econômica; promo­vendo a redução do salário real via recessão e proteção à informalidade no mercado de trabalho: e promovendo a redução da renda das camadas mais humildes via precarização dos serviços públicos de previdência, educação, saúde e segurança públicas.

Política econômica recessiva e protetora do capital parado, redução dos recursos para as políticas sociais compensatórias, nenhuma política de desenvolvimento econômico e tecnológico setorial. Eis o resumo até o mo­mento. Está na hora de experimentar uma política econômica e tecnológica alternativa. O Brasil não vai acabar. Mas, com as atuais políticas, corre o risco de retroceder aos anos 50 e agravar ainda mais a chaga da desigual­dade, a ameaça permanente à democracia política e ao desenvolvimento de mercados de massa no País.

 

Suspensa a privatização dos serviços de fiscalização profissional

Em resposta à Ação Direta de Inconstitucionalidade de No. 1717-6, proposta pelos partidos PC do B, PT e PDT, o Supremo Tribunal Federal suspendeu a vigência do artigo 58 da Lei 9649 de 28/05/98. A decisão parece correta. O artigo sempre foi confuso, misturando profissões com regu­lamentações muito diferentes e confun­dindo funções de Estado, como a fiscalização, com serviços privados. Juntava no mesmo precário e diminuto artigo Engenharia e Direito, Medicina e Enfermagem, e mais cerca de 400 Conselhos. O que não se sabe ainda é se o CONFEA e o CREA-SP voltarão a cumprir estritamente o estabelecido na Lei 5194, ou se pretendem insistir com interpretações convenientes à manutenção da curriola que se encastelou no poder.

 

Eng. Paulo Tromboni de Souza Nascimento
Presidente

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