CONSUMIDORES
      PERDERÃO OPÇÃO COM   | 
  
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       Em
      tempos de globalização, todos os dias são anunciadas megafusões
      empresariais. Nesse contexto, surgiu o anúncio da formação da AmBev
      (Cia. de Bebidas das Américas), fruto da união entre Brahma e
      Antarctica. Além das conseqüências econômicas para o País — provável
      desemprego e retração econômica, ainda sob avaliação do Cade —, a
      novidade traz outras perdas para os amantes da cerveja. Quem afirma é o
      mestre cervejeiro e também fã da bebida, Gero Spika. “Brahma e
      Antarctica hoje têm 50 unidades e vão sobrar talvez 15 ou 10. Cada
      cervejaria é uma fábrica única, com um tipo de cerveja especial que não
      pode ser comparada à de outra região. A Antarctica tem 17 tipos
      diferentes e com certeza vai perder essa diversidade”, lamentou. Segundo
      ele, infelizmente o processo de concentração é grande, não só aqui,
      mas também na Alemanha, onde ainda há 1.200 cervejarias. “Lá, fecham
      200 fábricas por ano,  especialmente
      as de pequeno e  médio
      portes.” O
      quadro atual, movido por motivos comerciais e econômicos, atropela a
      história de um produto que se estima já existia 6 mil anos antes de
      Cristo. “As pessoas começaram na Babilônia e Egito a fazer bebidas
      fermentadas,  com um certo
      teor alcoólico. Na Alemanha, encontra-se a mais antiga cervejaria do
      mundo, na região da Bavária, fundada em 1040”, contou Spika.  Formado
      na Alemanha, num curso com uma estrutura semelhante à da Engenharia Química,
      mas direcionado especificamente para a fabricação de cerveja, Spika
      chegou ao Brasil em 1996 para trabalhar numa pequena fábrica no Rio
      Grande do Sul. Depois foi para a Antarctica, onde ficou por dois anos, e
      hoje está na Crosfield Brasil Ltda., que fabrica silica gel, utilizada na
      purificação e estabilização da cerveja. O
      primeiro estranhamento foi a inexistência no Brasil da Lei da Pureza,
      vigente na Alemanha desde 1516. Por ela, todos os fabricantes devem seguir
      a receita original da bebida, composta de malte, lúpulo, fermento e água.
      “No resto da Europa, Estados Unidos e América Latina são usados também
      arroz, milho e xaropes,  o que
      é totalmente proibido na Alemanha”, 
      garantiu. Contudo,
      de acordo com Spika, isso não faz uma cerveja melhor ou pior, apenas
      diferente. Aliás, segundo ele, fazem-se ótimos produtos na América
      Latina. “Muita gente pensa que aqui não há tecnologia ou conhecimento;
      isso é uma grande besteira. Conheço cervejarias brasileiras que são
      muito mais modernas que algumas alemãs”, comparou. Outra
      diferença entre a bebida produzida no país natal de Spika e a do Brasil
      é que aqui não se faz a  de
      alta fermentação.  Entre os
      vários tipos existentes, que podem variar de acordo com a dose alcoólica,
      a coloração, o lúpulo (que dá o sabor amargo) e a água, o mais comum
      é o Pilsen, inventado na Checoslováquia (atual República Tcheca).  Apesar
      da grande variedade, algumas diferenças são mera 
      estratégia de marketing.  É
      o caso de produtos anunciados como sendo filtrados a frio. “Qualquer
      cerveja é filtrada a frio, a diferença é que essas passam por um
      processo de pasteurização mais curto, o que também é 
      feito com o chope. Isso lhes garante uma vida útil menor, mas os
      torna mais refrescantes”, explicou Spika. Outro detalhe a ser levado em
      consideração são as cervejas comercializadas no Brasil como sendo sem
      álcool. “Na verdade, elas tem 0,5% de teor alcoólico, se você tomar
      20 dessas vai ficar igualmente bêbado”, alertou.   Engenheiro
      é maior colecionador da AL Enquanto
      uns amam o líquido, outros preferem a embalagem. Esse é o caso do
      engenheiro civil aposentado Saul Jampolsky, que possui aproximadamente
      35 mil latas de cerveja em sua coleção. “Há 15 anos eu estava na
      China e resolvi tomar uma cerveja. Fiquei tão encantado com o colorido da
      lata, vermelha com um dragão dourado, que resolvi guardá-la. Assim começou
      tudo”, contou.  Na
      vasta coleção, a maior da América Latina, Jampolsky tem preciosidades
      como a Alterosa, uma das brasileiras mais antigas, fabricada na década de
      40 em Minas Gerais. Uma outra, bem mais moderna e japonesa, é feita de
      papelão e equipada com um dispositivo que, ao ser acionado, libera um gás
      que em contato com o oxigênio gela a cerveja automaticamente. Mas nesse
      sem-fim de latinhas coloridas não faltam curiosidades: uma com a foto da
      seleção brasileira que jogou na copa do México, uma série de sete
      latas com filmes do James Bond e dezenas de motivos em latas promocionais,
      como mulheres, animais, balões, trens etc. Jampolsky
      explicou que não há regras rígidas e cabe ao colecionador decidir a
      dimensão e os critérios da sua coleção. Da mesma forma, ele escolhe se
      guarda as latas cheias ou vazias. Contudo, o peso dificulta tanto a
      armazenagem quanto o transporte por correio quando são feitas as trocas
      com outros colecionadores, o que faz a maioria abrir mão do líquido. E aí
      vem a regra essencial: a lata deve ser aberta com dois furos na base,
      nunca se quebrando o fecho. E o que se faz com a cerveja? Se não tiver
      quem tome, vai mesmo para a pia.  |