PROFISSIONAIS
      APONTAM ARBITRARIEDADES  | 
  
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 Para
      o vice-presidente do Sindicato dos Arquitetos de São Paulo, Cícero
      Petrica, os problemas vão além: “O Conselho hoje se envolve num
      sem-fim de comissões, dando respaldo à Administração Municipal da
      Capital, sem qualquer critério, avalizando qualquer coisa”. Para ele, o
      ápice da promiscuidade deu-se quando o atual presidente, André de
      Fázio, assumiu a Secretaria Municipal de Vias Públicas e recusou-se
      a se licenciar do cargo no Conselho, embora as duas funções sejam
      claramente conflituosas. “Que interesse tem ele em estar lá? Isso
      desmoraliza a categoria.” O mesmo apego ao cargo já lhe havia
      custado a cassação da candidatura a deputado federal pelo PFL nas
      eleições de 1998. Como não se desligou do Crea a tempo, foi considerado
      inelegível pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Infelizmente, não
      param por aí os problemas do atual presidente, que teve as contas de sua
      primeira gestão (1993-1996) rejeitadas pelo TCU (Tribunal de Contas da
      União). Petrica
      cita ainda a relação de subordinação mantida entre o Crea e a Faeasp
      (Federação das Associações de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de
      São Paulo) como um dos tumores do sistema. “Essa estrutura viciada
      gerou uma candidatura como a do Alonso”, criticou, citando o candidato
      da situação, hoje diretor do Conselho, José de Paula Alonso. Também
      discorda da candidatura chapa branca o presidente do Sindicato dos
      Geólogos de São Paulo, Ari Camargo de Oliveira, que foi taxativo: 
      “O atual presidente, já em seu segundo mandato, não atendeu aos
      inúmeros apelos dos conselheiros e não implementou as 
      medidas absolutamente necessárias e inadiáveis para que a
      fiscalização atingisse níveis aceitáveis de eficiência. O candidato
      da situação segue linha programática com a qual não concordamos.” O
      quadro desenhado constitui uma difícil realidade, sentida na pele por
      quem atua no Conselho. O vice-presidente do SEESP, Celso Atienza, teve
      oportunidade de conhecer a arbitrariedade do sistema. “Nós nos
      mobilizamos para instalar a Câmara de Engenharia de Segurança do
      Trabalho, baseados no fato de que a especialidade tem atribuições que
      as demais não possuem e portanto não poderiam, por exemplo, julgar um
      engenheiro de segurança.” Segundo Atienza, embora o assunto tenha
      encontrado resistência no início, ficou comprovado que o único óbice
      à câmara era a vontade do plenário, que a aprovou em 3 de junho de
      1993. “Mas a câmara deixou de interessar politicamente ao presidente,
      que instrumentalizou o arquiteto Célio Pimenta para pedir nova análise
      do assunto em plenário e a votação ocorreu sem o quórum necessário, 
      o que é ilegal.” Apesar disso, contou Atienza, Fázio aceitou a
      decisão e transformou a câmara numa Comissão Especial, sem qualquer
      poder, que hoje se limita a solicitar que se faça a fiscalização sem
      ser atendida. Diante da arbitrariedade, Atienza e o presidente do SEESP,
      Paulo Tromboni de Souza Nascimento, ingressaram com uma ação judicial,
      que hoje se encontra concluída, esperando sentença final na 21ª Vara
      Cível da Justiça Federal.  “Existem
      duas dificuldades básicas no conselho: a centralização das decisões
      com o presidente e a burocracia”, resumiu o coordenador da Câmara
      de Engenharia Elétrica e diretor do SEESP, Henrique Monteiro Alves. O
      coordenador da Câmara de Engenharia Mecânica e Metalurgia, Fernando
      Gomes, também tem queixas. “As câmaras técnicas e o próprio
      plenário do Crea-SP têm sido pouco valorizados, quando deveriam ser o
      principal de discussões da instituição.”  |