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       A decisão do BNDES de
      conceder financiamentos apenas a empresários brasileiros deve ser vista
      com cuidado. Ela só se justifica nos casos em que o capital nacional
      tiver uma atuação distinta do estrangeiro. Recursos públicos devem
      alavancar investimentos em capacitação tecnológica e, principalmente,
      em projetos de desenvolvimento e lançamento de produtos nacionais
      competitivos no mercado internacional ou voltados para a superação das
      carências sociais do Brasil. Exemplo: vale a pena investir em projetos
      que viabilizem a manufatura e a comercialização de remédios genéricos.
      Claro, para resgatar a população brasileira da verdadeira situação de
      seqüestro em que vive, refém dos preços abusivos impostos pelo
      oligopólio da indústria farmacêutica. Vale a pena apoiar projetos de
      habitação popular com tecnologia barata, ou ainda financiar o
      desenvolvimento de produtos e processos competitivos nas empresas
      brasileiras. 
       
      No Brasil não faltam oportunidades para o desenvolvimento de produtos
      adequados a uma economia de renda per capita média e de péssima
      distribuição. Onde, senão aqui, existem condições objetivas para o
      desenvolvimento de produtos como carros populares de baixa cilindrada,
      máquinas de lavar roupa de funcionalidade limitada, tubaínas e outros
      produtos concebidos, sobretudo, para serem muito baratos? 
       
      Esse mesmo mercado existe em todo o planeta, inclusive em nichos nos
      próprios países desenvolvidos. Obviamente, esses produtos poderiam ser
      exportados. Por causa da má distribuição de renda, conjugada com o
      tamanho da economia e sua abertura, o Brasil é um dos poucos países com
      estrutura industrial moderna e internacionalizada e um enorme mercado de
      gente pobre. Onde mais, senão aqui, pode-se desenvolver esses produtos? 
       
      Neonacionalismo para quê? Se for apenas para enriquecer capitalistas
      brasileiros é mau negócio. Só tem sentido se permitir a criação de
      uma genuína competência tecnológica brasileira, que aumente as
      exportações e o valor agregado dos produtos fabricados no País. 
       
      De quebra, seria necessário superar a microcefalia da indústria
      nacional. Não dá para agregar valor aos produtos brasileiros sem
      multiplicar os quadros qualificados, particularmente os da Engenharia, em
      todas as empresas nacionais. Se as empresas não sentirem falta de
      engenheiros brasileiros, esse neonacionalismo será apenas uma cobertura
      ideológica para mamatas e falcatruas. A clássica roubalheira da elite
      brasileira pendurada nas tetas do Estado. 
       
      Qualquer recurso cedido ao empresário nacional deve vir vinculado à
      contratação de engenheiros para desenvolver produtos e implantar
      processos produtivos no Brasil. 
       
      ENCHENTES 
      Lamentável espetáculo que se repete
      todos os anos: as mesmas velhas enchentes. É público e notório que
      existem soluções de Engenharia gradativas para resolver o problema.
      Trágica é a falta de vontade política para sequer dar início ao
      equacionamento das enchentes. É preciso investimentos públicos e apoio
      da sociedade se quisermos resolver o assunto. 
      Eng.
      Paulo Tromboni de Souza Nascimento
      
       
      Presidente
      
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