SÃO PAULO TERÁ MAIOR EMPRESA DE TRANSMISSÃO 
DA AMÉRICA LATINA APÓS UNIFICAÇÃO CTEEP/EPTE

O governo do Estado de São Paulo desverticalizou suas empresas de energia, com a privatização das áreas de geração e distribuição, mantendo controle sobre a transmissão, hoje feita pela CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) e pela EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia S.A.). As duas estão em processo de unificação e devem dar origem a uma nova empresa que se tornará a maior transmissora de energia da América Latina. Com uma longa carreira desenvolvida no setor público e na iniciativa privada, o engenheiro José Sidnei Colombo Martini é o presidente de ambas empresas e recebeu a missão de criar a nova companhia. Ele falou ao Jornal do Engenheiro sobre os planos para o futuro e as características do novo modelo do Setor Elétrico brasileiro.


Como está o processo de unificação?
As duas estão funcionando no mesmo local desde o dia 11 de fevereiro. Ao final, teremos uma só organização e o primeiro passo foi unificar a diretoria. Com relação ao campo, elas continuam atuando em regiões distintas, de forma complementar. Do ponto de vista formal, o processo deve estar concluído até o início do segundo semestre.


Haverá redução de quadro de pessoal?
Hoje temos 3.800 funcionários e deve haver redução desse quadro, mas não cortes, porque há um acordo que garante a estabilidade até 2002. Faremos um remanejamento para aproveitar as pessoas e criamos o POP, um Programa de Oportunidades não-compulsório a quem decidir sair.


A redução atingirá os engenheiros?
A parte técnica da empresa abriga 78% dos funcionários e os 22% restantes ficam na administrativa, onde deve haver maior disponibilidade com a unificação. Contudo, o POP é aberto a todos. Há engenheiros e técnicos que também querem sair.


E quais são os planos de trabalho?
Vamos explorar ao máximo a capacidade de novos negócios que possam ser alavancados com o que a empresa dispõe. Assim, talvez venha a existir uma nova companhia de transmissão de dados, também a partir do segundo semestre. No início ela será estatal, tendo a sua parte majoritária leiloada depois. Temos ainda a missão de dotar o Estado de um sistema de supervisão e controle de energia elétrica único. E vamos investir nos talentos da empresa. Está em desenvolvimento um programa de educação continuada corporativa e já assinamos um convênio com a Escola Politécnica da USP, visando cursos voltados aos engenheiros da casa.


Quem fará a expansão das linhas de transmissão?
Toda a expansão na área de transmissão de energia nascerá privatizada. Ou seja, será feita oferta ao mercado e quem quiser investir poderá construir nova linha. Essa terá que trabalhar harmoniosamente com o conjunto de linhas que é nosso patrimônio hoje. A curto prazo, as empresas estatais podem entrar na concorrência de novas obras, competir com o capital privado. Isso ainda não ocorreu, é um desafio.


Haverá obras emergenciais na transmissão?
Há um conjunto de obras que devem ser feitas a curto prazo. Após o blecaute, nós mapeamos diversos pontos críticos, que foram analisados pelo ONS (Operador Nacional do Sistema) e esperam aprovação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para que se evitem problemas no sistema. Isso não é emergencial, mas determinativo.


Qual a receita da empresa de transmissão?
As duas somam R$ 600 milhões por ano, R$ 280 milhões na EPTE e R$ 320 milhões na CTEEP. Essa é uma receita garantida, mas é a única e com ela temos que conservar uma planta de aproximadamente 18 mil quilômetros de circuitos de linhas. O nosso desafio é fazer com que esse dinheiro dê e sobre para os reinvestimentos necessários em pequenas ampliações e modificações.


Quais os planos da maior empresa de transmissão da América Latina?
Com a união da EPTE e CTEEP, vão ficar só duas empresas puramente de transmissão no Brasil, nós e a Eletrosul. E quais os pontos onde temos que nos destacar? Primeiro, trabalhar com linha viva, consertá-la sem desligá-la. Já temos tecnologia para isso, mas há muita coisa moderna disponível no mundo que precisamos trazer para cá, e outras que podemos desenvolver aqui. Outro ponto são sistemas de controle e supervisão. O mais atual da América do Sul está aqui na CTEEP, entrou em operação dia 19 de novembro. Temos uma competência que deve ser usada como modelo para outras empresas na América Latina como um todo. Portanto, nossa responsabilidade é muito grande.

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