Liderando as pesquisas de intenção de voto
      para a Prefeitura da Capital (29%, de acordo com o Data-Folha), a
      pré-candidata do PT, Marta Suplicy, participou em 29 de março último do
      "Fórum de Debates: a Engenharia e a Cidade", promovido pelo
      SEESP com o objetivo de discutir problemas e soluções para os
      municípios do Estado de São Paulo. A iniciativa contará com diversos
      eventos até as eleições e, além de encontros com os prefeituráveis,
      prevê seminários sobre os temas da alçada municipal. Um deles foi
      realizado nos dias 5 e 6 de abril em Bauru, abordando a Habitação. No
      auditório da sede da entidade, Marta falou aos engenheiros sobre suas
      principais preocupações com relação à Capital. 
       
      De acordo com a candidata, hoje "nada é mais sério que a dívida de
      São Paulo". "O Pitta se comprometeu a pagar 20% desse débito,
      que é de R$ 10,5 bilhões, em 30 meses, o que daria R$ 2 bi, com juros de
      6%. O problema é que ele não tem com o que pagar essa parcela e, se isso
      não for feito até julho de 2002, o saldo da dívida será multiplicado
      por cinco e os juros passarão para taxa selic mais 1% e, como multa,
      poderão ser utilizados até 17% do orçamento para pagamento." Para
      completar, o acordo é inegociável e, pela Lei de Responsabilidade
      Fiscal, todos os impostos municipais vão direto para o Tesouro Nacional
      para que se honre o compromisso. "Será impossível administrar a
      cidade", alertou.
      Para descascar esse abacaxi, a petista informou que ela e os demais
      candidatos da Capital estão unindo esforços para convencer o Senado a
      não aprovar o acordo. 
       
       
      Economia promissora 
       
      Resolvido o impasse da dívida, Marta mostrou-se otimista e descartou a
      ocorrência de um esvaziamento econômico. "Ao contrário, há
      aumento extraordinário da receita fiscal e o município tem quase R$ 7
      bilhões de orçamento. A mudança é que grandes indústrias, com folha
      de pagamento muito alta, foram para onde os salários são metade, mas a
      maioria ainda se concentra na cidade e no seu entorno. Outra questão é
      que as empresas que aqui estão são de alta tecnologia, produzem riqueza
      e receita, mas não empregos." 
       
      Segundo ela, o futuro prefeito deverá ter em mente que São Paulo é a
      conexão do Brasil com o mundo e, portanto, com o capital internacional.
      "Isso nos dá um potencial de desenvolvimento extraordinário que
      precisamos transformar em capacidade de gerar renda e emprego. É preciso
      investir e nem sempre se necessita de dinheiro, mas vontade política,
      presença da Prefeitura." 
       
      Até como meio de estimular a potencialidade da cidade, Marta pretende
      redefinir as atuais divisões de São Paulo, acabando com as
      administrações regionais e criando subprefeituras segundo o critério do
      crescimento econômico. "Hoje temos três centralidades grandes:
      Paulista, Pinheiros e Centro Histórico, todas pedindo qualificação. A
      idéia é adequá-las e instituir novas, levando desenvolvimento às
      regiões que hoje não têm nada. Um exemplo disso é Cidade Tiradentes,
      onde 300 mil pessoas vivem sem qualquer infra-estrutura." Ela
      defendeu ainda a criação de um Plano Diretor para a cidade, que inclua
      um novo zoneamento. 
       
       
      Programa básico 
       
      Além do desemprego, as questões cruciais para a população da
      Capital são segurança, transporte, saúde e educação. Com relação ao
      combate à violência, que no âmbito da Prefeitura remete à Guarda
      Municipal, Marta afirmou que pretende dobrar o efetivo da corporação,
      hoje de 3.900. "Isso custa 1.9 do orçamento e é plenamente
      factível." Ela ressaltou, contudo, que deve haver mudanças no
      método de trabalho. "O guarda precisa andar a pé, conhecer a
      população local e poder se comunicar por rádio com uma viatura que
      esteja a cinco minutos de distância, caso necessite." Segundo ela,
      também é importante um bom relacionamento com as polícias civil e
      militar, além de desenvolver programas para impedir que crianças e
      adolescentes tornem-se criminosos. 
       
      Ao transporte público, Marta defende parcerias com o Estado para
      investimentos no Metrô. Emergencialmente, a idéia são corredores de
      ônibus, evitando-se contudo a deterioração das avenidas. Na área da
      Educação, o projeto é retomar a alfabetização de adultos para dar
      conta de 1,6 milhão de pessoas que não fizeram até o terceiro ano
      primário e promover cursos supletivos para os 2 milhões que não
      cursaram da quarta à sétima séries. "Esse é um capital que
      precisamos gastar, o que não é complicado porque o município é
      obrigado a aplicar 30% do orçamento no setor." 
       
      Na Saúde, voltará a existir o SUS (Sistema Unificado de Saúde) em São
      Paulo. "Infelizmente, não dá para acabar com o PAS (Plano de
      Atendimento à Saúde) com uma canetada, tem que ser gradual, mas dá
      para fazer até o meio do mandato."  |