SÃO PAULO SEM UMA POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS |
A política de recursos humanos do Governo
Estadual é um primor de irracionalidade. Qualquer administrador sabe que
é preciso uma política de pessoal que proporcione segurança, bom
ambiente de trabalho, salários justos e perspectiva de crescimento
pessoal. Só assim será possível aumentar o desempenho dos empregados,
seja em qualidade ou em produtividade. Infelizmente, nos últimos anos vem prevalecendo uma compreensão financista de políticas públicas, inclusive a de pessoal. Anos sem reajustes, numerosas demissões, terceirização, recurso ao efeito suspensivo e tome desgaste do Governo. É fácil constatar a indignação de servidores e do público em geral. Basta olhar a situação de São Paulo. Universidades estaduais, funcionalismo da saúde e educação, Metrô, Sabesp e Cetesb, todos em greve, saindo de uma ou em vias de entrar. As pesquisas de opinião pública também mostram a rejeição das políticas que estão sendo implementadas. E não adianta atribuir a forte movimentação às lideranças supostamente radicalizadas. Começa a se generalizar a sensação de que os servidores têm muito pouco a perder diante de uma política de pessoal que não lhes oferece nada e ameaça tirar benefícios há muitos anos conquistados. Na verdade, o que deveria surpreender é a relativa passividade e moderação das mobilizações até o momento. Inicialmente, o Governo de São Paulo não aceitou qualquer negociação que sequer preservasse o poder de compra dos servidores. Para a Secretaria da Fazenda e o Conselho de Política Salarial, a palavra negociação virou sinônimo de reajuste zero e corte de benefícios para os trabalhadores. Veja-se o caso do Metrô. Em reunião formal de conciliação, no Tribunal Regional do Trabalho, o Sindicato dos Engenheiros propôs formalmente manter os benefícios atuais e adiar a discussão do reajuste. Não deu. Após a greve de 2 de junho, finalmente saiu um acordo. Todos aceitaram a proposta do SEESP. No momento em que escrevo, acabo de participar de Assembléia na Cetesb. Mais uma vez, a categoria parte para a greve na empresa. O motivo, simples, é a indisposição do Governo aceitar sequer a manutenção dos benefícios existentes. Na Sabesp, a volta do racionamento deve estar incomodando a direção, que prometeu o fim do rodízio ao governador. Uma das maneiras de enfrentar a crise seria mobilizar os empregados para defender a companhia e promover a economia de água. Infelizmente, a intransigência beira o ridículo. Até o momento, sequer há negociações. Como engajar os funcionários? É hora de o Governo acordar. O Conselho de Política Salarial deve promover a concessão ou manutenção de benefícios e conceder reajustes salariais, sob pena de desencorajar duramente a colaboração espontânea dos servidores nas políticas públicas. Eng.
Paulo Tromboni de Souza Nascimento |