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       A deputada federal e pré-candidata à Prefeitura da
      Capital pelo PSB, Luíza Erundina de Sousa, participou em 29 de maio
      último do Fórum de Debates "A Engenharia e a Cidade", que vem
      sendo promovido pelo SEESP desde o mês de março. Na palestra aos
      engenheiros, Erundina afirmou ser fundamental que os planos para São
      Paulo sejam traçados levando-se em conta a mudança de vocação da
      cidade, antes fabril e agora cada vez mais voltada aos serviços e
      negócios, e a sua imensa diversidade. "São Paulo é uma metrópole
      sofrendo todos os impactos das transformações que ocorrem no mundo, com
      realidades distintas e num país em crise, o que certamente lhe deixará
      marcas indeléveis. Estamos discutindo esse quadro e tentando projetar a
      cidade para o futuro, que não pode ser de quatro anos, mas de
      décadas." 
       
      A ex-prefeita enfatizou a necessidade da descentralização. "Temos
      propostas de um programa de governo, mas não dá para pensar qualquer
      política sem levar em conta as diferenças entre as regiões. São Paulo
      não cabe numa camisa de força de um programa, ainda que elaborado pelos
      melhores especialistas." Assim, ela propõe a criação das
      subprefeituras. "E não basta uma reforma que maquie, queremos
      realmente dividir o poder e aproximá-lo do cidadão." A idéia,
      segundo ela, é escolher os subprefeitos numa lista tríplice, de comum
      acordo entre o conselho de representantes eleito diretamente e o prefeito.
      E a partir daí, adotar o princípio de solidariedade financeira, plano de
      governo geral, mas com definição de prioridades e execução a cargo das
      subprefeituras e criação de ouvidorias, utilizando a Internet. 
       
       
      PRIORIDADE 
      A candidata apontou, contudo, algumas prioridades para São Paulo. Na
      Saúde, o plano é retornar ao SUS (Sistema Único de Saúde), dando fim
      ao PAS (Plano de Atendimento à Saúde). Outro problema sério é a
      violência. "Dizer que a cidade não tem competência ou aumentar o
      efetivo da Guarda Municipal não resolve. Vamos propor uma emenda
      constitucional que municipalize a segurança. Enquanto isso não acontece,
      trabalharemos em convênio com o Governo do Estado, a exemplo do que
      ocorre com o policiamento do trânsito." Na Educação, considerada
      pela candidata como uma das ações preventivas da violência, a idéia é
      aumentar a carga horária escolar, introduzindo atividades que melhorem a
      formação das crianças e as mantenham longe da rua. 
       
      Para Erundina, transporte e trânsito devem ser pensados de forma
      metropolitana, assim como as enchentes, que deveriam ser enfrentadas por
      meio de um consórcio com os demais municípios da Grande São Paulo. A
      ex-prefeita também considera que a cidade deva, "no limite da sua
      capacidade", investir na ampliação do metrô. "Além disso,
      há sistemas de trilhos que, em parceria com o Estado, podem ser
      aproveitados para o metrô de superfície. Temos também que melhorar o
      fluxo sobre rodas, multiplicar os corredores de ônibus, utilizando
      soluções mais simples e baratas, e traçar as linhas para o transporte
      leve (lotações). Nesse campo, um impasse seria o que fazer com o
      Fura-fila, "que não está pronto, não vai a lugar nenhum e ainda
      atrapalhou o traçado do metrô". A candidata propõe maior subsídio
      ao transporte público para baixar a tarifa, a introdução do bilhete
      único e apóia a expansão das ciclovias, "o que atenderia as 120
      mil pessoas que hoje andam a pé por falta de recursos". 
       
      Outro setor em que Erundina defende a interferência do município é o
      saneamento, tendo em vista que a Capital é a maior usuária dos serviços
      da Sabesp. "Temos que participar de suas decisões de planejamento e
      investimento." Ainda nesse âmbito, ela inclui a questão das áreas
      de mananciais. "É preciso que haja uma solução habitacional para a
      população pobre que ocupa esses locais e o espaço que é da
      água." 
       
       
      RECURSOS 
      Para dar conta dos projetos, Erundina disse que pretende buscar meios
      de melhorar a receita do município. "É preciso ser criativo, há,
      por exemplo, o uso do subsolo que vem sendo feito por diversas empresas
      sem qualquer custo e a publicidade em out-doors que também nada
      rende aos cofres municipais." Além disso, está na mira da candidata
      a evasão de tributos. "Temos que estimular o crescimento e, para
      tanto, vamos criar uma agência de desenvolvimento econômico e social
      sustentável. Nesse aspecto, é importantíssimo que tenhamos também um
      Plano Diretor para a cidade." 
       
      Um nó financeiro a ser enfrentado será a dívida de São Paulo, de R$
      10,5 bilhões, cujo acordo de rolagem exige pagamento de 20% até julho de
      2002. "É uma dívida enorme e por isso mesmo passa a ser uma
      questão política. Nós entendemos que pagar os 20% em 30 meses
      inviabilizaria o governo por dois anos. Vamos querer renegociar e que a
      totalidade seja paga em 30 anos, com juros de 6% ao ano."  |