MÚTUA É ALVO DE DENÚNCIAS E QUESTIONAMENTOS

Recente escândalo na Mútua de Assistência aos Profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia é divulgado pela imprensa associativa e sindical: a compra de sua nova sede, em Brasília. Pela aquisição de imóvel apresentado inicialmente como sendo da APS Construtora e Incorporadora, em 28 de julho de 1998, na SCLN, Lote 9, Bloco D, foi pago o valor de R$ 1.965.600,00 a Osny Pereira de Souza. Contudo, esse não seria seu proprietário à época, conforme informou a FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), em sua publicação de abril último. O imóvel está penhorado em juízo e foi retomado pelo BRB (Banco Regional de Brasília), o qual detém sua alienação. Não foi exigida na transação a documentação de praxe. A entidade recebeu apenas uma promissória do vendedor Souza no valor, tendo como fiador Zenon Matias da Paz. O avalista, por sua vez, não possui bens em seu nome, mas há inúmeras ações cíveis e fiscais contra ele. Todavia, o advogado da Mútua e do Confea, Paulo Goyaz, apurou ser ele genro e cunhado dos donos da APS. "O presidente da Mútua, Francisco de Paula Neto, alega que foi iludido por estelionatário. É uma declaração difícil de ser aceita, porque ninguém chega a conselheiro federal por ingenuidade. E mais, a Mútua possui uma assessoria jurídica muito competente", observou o engenheiro civil e arquiteto Enildo Baptista Barros, que ocupou os cargos de presidente e diretor financeiro da entidade em questão. A engenheira Maria de Fátima Có Soares, ex-presidente do Crea-DF, também não acredita em inocência e salienta que, em um caso desses, "o Confea é igual responsável, porque ele homologa as contas da Mútua".

Essa não é a primeira vez que há suspeita de irregularidades do gênero na Mútua. O deputado federal Luiz Antônio Fleury Filho denunciou ao Instituto de Engenharia (Jornal Evolução, janeiro de 2000) a aplicação ilegal de seu patrimônio no mercado imobiliário de Brasília, sem concorrência. Segundo a publicação, foram investidos R$ 1,2 milhão em 15 unidades de apart hotel no Kubitschek Plaza e R$ 1,8 milhão em 22 unidades de apart hotel e 11 garagens no Flat Líder.

À Mútua, cuja criação e supervisão pelo Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) foi determinada pela Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977, seria destinado o equivalente a R$ 10 milhões anuais, referentes a 1/5 do recolhimento da ART (Anotação de Responsabilidade Técnica). Por ser personalidade jurídica e possuir patrimônio próprio, ela deveria efetuar aplicações em carteiras de poupança, títulos dos governos federal e estadual ou assegurados por eles. A aquisição ou alienação de imóveis estaria sujeita a aprovação prévia do Ministério do Trabalho. Entretanto, foi elaborado novo estatuto para a Mútua em 1999 pelo seu presidente e o do Confea, Henrique Luduvice, retirando os poderes legais do ministro Francisco Dornelles. Por essas e outras, os profissionais ligados ao Sistema Confea/Creas são favoráveis à extinção dessa entidade que deveria prestar assistência a eles, porém não cumpre seu papel.

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