Ao anunciar um salário mínimo de R$ 151,00, o
Presidente da República também encaminhou ao Congresso Nacional projeto
de lei complementar autorizando os estados a fixarem um piso regional.
Naquela altura, o SEESP não vacilou, apoiou a proposta e sugeriu que em
São Paulo esse deveria ser o dobro do salário mínimo, alcançando R$
302,00.
Em junho, o Congresso Nacional aprovou a proposta do presidente. Ao
contrário da situação que já existiu no Brasil, quando havia apenas um
salário mínimo para cada região, pela nova proposta, continua existindo
o mínimo nacional. Também diferente dos antigos mínimos regionais, a
nova versão estabelece que o piso salarial regional não se aplica ao
acordado em convenção coletiva entre sindicatos patronais e de
trabalhadores, aos quais é facultado estabelecer pisos maiores para as
respectivas categorias. Talvez a diferença mais importante seja a
descentralização do processo decisório. Quem vai elaborar a proposta do
piso salarial regional serão os governadores de cada estado, e caberá à
Assembléia Legislativa aprová-la.
São Paulo é a unidade mais rica da Federação. A renda per capita no
Estado é cerca do dobro do restante do Brasil. Até o Maranhão, um dos
estados mais pobres, andou propondo um piso regional de US$ 100,00, cerca
de R$ 180,00. Em nosso Estado, é ridículo aceitar o mínimo de R$
151,00. Segundo dados do Caged, nas admissões de pessoal em São Paulo,
apenas cerca de 10% dos novos empregados foram contratados em 1999 com
salários inferiores a dois mínimos. Entre os recém-admitidos, vale
lembrar, predominam ganhos mais baixos que a média. Pelo que se ouve
entre os pequenos empregadores, em muitos casos, trata-se de simulação
para evitar encargos sociais.
E não venham dizer que o mercado imporá sua realidade contra toda
regulação institucional. A crer nesses liberais extremados, o governo
deveria extinguir as agências recém-criadas para regulação das
comunicações e eletricidade, já que, por essa visão, seriam incapazes
de influenciar a realidade de mercado. No setor informal, o mínimo serve,
sim, de referência. Para o pequeno empreendedor, a principal
"vantagem" da informalidade, todos sabem, é livrar-se de
impostos e das exigências sanitárias, dos dispositivos de proteção
ambiental, das restrições de ocupação do solo urbano e outras tantas
vigentes em qualquer sociedade civilizada do Planeta.
Tudo isso sem dizer que um piso em São Paulo de R$ 302,00 representaria
um importante passo na defesa do aumento significativo do salário
mínimo.
É hora de São Paulo fazer a sua parte e mostrar que está preparado para
tomar decisões que contribuam para melhorar a distribuição de renda.
Com a palavra o governador Mário Covas, engenheiro, homem comprometido
com o crescimento, a justiça social e a produção, a quem cabe propor
formalmente a medida. Com a palavra os deputados estaduais de São Paulo,
a quem caberá aprovar a iniciativa do chefe do Executivo.
Eng.
Paulo Tromboni de Souza Nascimento
Presidente
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