PARA ALCKMIN, SÃO PAULO DEVE SER 
PROJETADA COMO “CAPITAL MUNDIAL”

O vice-governador Geraldo Alckmin, candidato à Prefeitura da Capital pelo PSDB, participou em 28 de junho último do Fórum de Debates "A Engenharia e a Cidade", que vem sendo promovido pelo SEESP. Anteriormente, tomaram parte do evento as também prefeituráveis Marta Suplicy (PT), em 29 de março, e Luíza Erundina (PSB), em 29 de maio. O próximo será Romeu Tuma (PFL), no mês de agosto, em dia ainda não definido.

Alckmin deu início a sua palestra aos engenheiros lembrando que São Paulo deve ser pensada e planejada como uma "capital mundial". Na sua opinião, para tanto, é preciso ter serviços de qualidade, tecnologia da informação, turismo de negócios e indústria não-poluente, o que significa investir em primeiro lugar em recursos humanos. "Daí, ser fundamental a educação. Hoje, 3,8% dos desempregados na cidade são analfabetos e 41% não têm primeiro grau completo", afirmou.

Segundo ele, para fazer face a isso, uma alternativa é, a exemplo do Governo Estadual, aumentar a permanência do aluno na escola de quatro para cinco horas. Na sua visão, além de projetar a cidade estrategicamente, o reforço nessa área visa tirar os jovens da periferia da marginalidade e reduzir a violência. "A criminalidade ocorre justamente onde faltam os equipamentos públicos de lazer, recreação, esporte e cultura."

Para garantir o futuro da cidade, além de atrair investimentos e preparar a mão-de-obra, Alckmin vê como prioridade solucionar o nó do transporte coletivo. "São Paulo tem quase 5 milhões de veículos, um para cada duas pessoas e, anualmente, chegam às ruas mais 200 mil. Isso reduz a qualidade de vida das pessoas e gera deseconomia, com perda de emprego e renda. A Prefeitura, em parceria com Estado e União, tem que fazer um grande esforço visando essa questão."

Estratégia administrativa
O vice-governador ressaltou ainda que a Capital está inserida numa região metropolitana, que deve ser levada em conta na busca de soluções para os seus problemas. "Isso vale para questões como recursos hídricos, enchentes, o próprio transporte, segurança, meio ambiente e saúde. Ao prefeito da maior cidade, cabe a articulação política junto aos demais governantes."

Alckmin defendeu também a descentralização administrativa para dar conta dos diferentes desafios de São Paulo, que já passa dos 10 milhões de habitantes. "A Lei Orgânica do Município prevê desde 1990 as Subprefeituras e o Conselho de Representantes. Isso está na lei há dez anos e nunca saiu do papel. É hora de implementar esse modelo, respeitando as singularidades e características regionais, e tornando-o mais participativo, próximo da comunidade."

Além de apostar na capacidade de recuperação de investimentos, Alckmin propôs uma política de austeridade para tirar a cidade do buraco financeiro em que se encontra, com uma dívida de R$ 10,5 bilhões. "Quando assumimos o governo, a situação era parecida e não foi resolvida num passe de mágica. Isso ocorreu com sacrifício e trabalho sério, revendo-se cada contrato, melhorando a eficácia na arrecadação, cortando despesas supérfluas."

Embora reconheça a dívida como uma questão que terá de ser enfrentada, o candidato tucano conta com a possibilidade de não conseguir reunir os 20% em 30 meses, conforme prevê o acordo de rolagem aprovado no Congresso. "Não tem problema, porque, pelo relatório do senador Roberto Jucá, o município poderá optar. Se tiver os R$ 2 bi, os juros ficam em 7,5%, caso contrário, em 9%. Como são fixos, é exeqüível."

O candidato lembrou a necessidade de um Plano Diretor para a cidade, cujos estudos pretende concluir no primeiro ano do mandato, caso seja eleito. E pediu colaboração aos engenheiros. "Acho que, com a experiência nas diversas áreas fundamentais, têm uma enorme contribuição a dar à cidade."

Para enfrentar problemas como o déficit habitacional e o excesso de lixo gerado na Capital, Alckmin defende não a ação direta da administração, mas o apoio a iniciativas comunitárias. "Com relação à moradia, por exemplo, são 1,9 milhão de favelados, 2,5 milhões de encortiçados, áreas ocupadas para todos os lados... Não há como resolver da noite para o dia. Eu elegeria como prioridade as áreas de risco, questão aliás que mereceria ação de um engenheiro público, assim como existem o médico e o advogado do povo. No mais, a Prefeitura deve ajudar e não atrapalhar iniciativas organizadas de mutirão em autoconstrução." Para o entulho paulistano, a linha é a mesma: "A cidade gasta com coleta e varrição 7% do orçamento, quase R$ 500 milhões. A Prefeitura pode estimular que cooperativas façam reciclagem, reduzindo o gasto público e gerando renda para as pessoas envolvidas."

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