Desde a época da ditadura
militar e seu milagre econômico, alguns fatos se destacaram nas
comunicações brasileiras: a ascensão da TV – em particular da Rede
Globo – como veículo integrador da realidade e da fantasia nacionais, a
cristalização do jornalismo econômico e, mais tarde, como resistência
à ditadura e organização dos trabalhadores, o crescimento da imprensa
sindical.
Aloysio Biondi, morto aos 64 anos no dia 21 de julho último, em plena
atividade jornalística, foi o "pai" do jornalismo econômico.
Interiorano de São Paulo, iniciou sua carreira como redator da Folha
de S. Paulo, em 1956. Criou, ou ajudou a criar, inúmeras
publicações. Quem não se lembra do "Quem é quem" da revista Visão.
Embora reconhecendo o crescimento material da economia, era crítico feroz
dos descalabros da ditadura militar; seus artigos nos jornais Correio
da Manhã, Opinião e Diário do Comércio e Indústria,
além de informação e denúncia, continham um didatismo jornalístico
que formou inúmeros profissionais.
Mais recentemente, aproximou-se dos sindicatos e da imprensa sindical. Sua
obra de referência, "O Brasil privatizado – um balanço do
desmonte do Estado", circulou em centenas de milhares de cópias,
muitas associadas à ação sindical e teve um papel essencial na mudança
de clima entre os trabalhadores e a opinião pública sobre o caráter do
processo de privatização.
Seus últimos artigos no Diário Popular e na revista Bundas
carregam a emoção do bom combate.
Era amigo do SEESP e participou entre nós de inúmeros eventos; lamentava
sempre o abandono, pela elite brasileira, da idéia de "projeto".
Na mesma semana em que morreu, o Brasil havia perdido a velhice veneranda
de Barbosa Lima Sobrinho; pobre País. Aloysio Biondi fará falta.
João Guilherme Vargas Neto
Assessor sindical do SEESP |