ENCONTRO DE IBITINGA DISCUTE 
PERSPECTIVAS PARA AUTÔNOMOS

Reestruturação nas empresas, aumento em escolas, terceirização, flexibilização da legislação trabalhista, aposentadorias precoces, eis o pano de fundo do desemprego e da crescente importância do profissional liberal no início do próximo século. Diante disso, para os dias 18,19 e 20 de agosto, o SEESP convidou engenheiros liberais, autônomos e empreendedores de todo o Estado para trocarem idéias e debater como melhorar suas condições de renda e trabalho. A oportunidade foi preparada por eventos realizados nas cidades com maiores concentrações de engenheiros em todo o Estado.

Desde meados dos anos 80, vem se invertendo a tendência de crescimento do número de engenheiros assalariados, até então vigente. Estagnou o número de empregados e passou a crescer o de empreendedores autônomos.

A crise brasileira dos anos 90, logo a seguir, trouxe o primado da reestruturação nas empresas brasileiras. Uma das principais vítimas foi o cargo gerencial intermediário, freqüentemente ocupado por engenheiros. O resultado foi um exacerbar da tendência de crescimento da prestação de serviços autônomos, agora com o nome de terceirização.

A situação do terceiro é intermediária entre o assalariado e o profissional liberal clássico. De um lado, como o assalariado, o terceiro tem grande parte de sua renda proveniente de um cliente, muitas vezes o seu ex-empregador. Por outro, como o profissional liberal, não tem vínculo empregatício, deixando de perceber as vantagens correspondentes.

Outro fenômeno que vem tendo forte impacto no mercado de trabalho é o enorme aumento do número das escolas de Engenharia. Todos os anos, levas de novos engenheiros adentram o mercado de trabalho. Esse grande número de profissionais obviamente pressiona o mercado de trabalho, reforçando a participação das formas não-assalariadas de atividade.

Por fim, a instabilidade nas regras de aposentadoria juntou-se ao aumento da expectativa de vida útil profissional, para gerar uma oferta de trabalhadores experientes, com parte da renda assegurada, em busca de ocupação, disputando espaço de mercado com os profissionais em atividade.

Tudo isso redunda em desemprego. O remédio seria então o crescimento econômico ou o aumento do valor agregado (para incluir mais engenharia) dos bens e serviços produzidos no País. Infelizmente, a flexibilização da legislação trabalhista está reforçando a tendência à contratação de terceiros.

Por essas razões, o encontro de Ibitinga reveste-se de importância para os engenheiros e o SEESP. É a primeira oportunidade, quiçá no Brasil, para debater o que fazer como sujeito coletivo diante do novo quadro.

Eng. Paulo Tromboni de Souza Nascimento
Presidente

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