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       A Comissão das Relações
      do Trabalho da Assembléia Legislativa retomou, em 30 de agosto último, a
      pedido do SEESP, o debate sobre a questão do piso salarial regional. O
      tema está no texto da lei complementar nº 103, de 14 de julho de 2000, a
      qual autoriza os estados e o Distrito Federal a instituírem mínimos
      diferenciados, com valor superior ao nacional, de R$ 151,00. Paulo
      Tromboni de Souza Nascimento, presidente do Sindicato dos Engenheiros,
      explicou porque a entidade vem fazendo campanha em prol do piso regional
      de R$ 302,00 para este Estado: "O PIB per capita de São Paulo
      é aproximadamente duas vezes o do resto do País. A economia paulista tem
      condições de ter um mínimo dessa ordem. Os dados sobre o mercado formal
      apontam que cerca de 85% dos empregados aqui já recebem dois salários, e
      apenas cerca de 10% ganham menos do que 1,5." O aumento proposto
      afeta essa parcela, aplicando-se apenas àqueles que não estão cobertos
      por negociação ou acordo coletivo entre o patronato e os representantes
      dos trabalhadores ou por legislação especial, como é o caso dos
      engenheiros. 
       
      Para Tromboni, tal medida deve alavancar as economias nas regiões onde
      reside e compra a população mais pobre. "Isso pode ainda facilitar
      o crescimento na construção civil de baixa renda. Provoca também
      melhora nas contas fiscais relativas à Previdência Social, porque,
      embora não haja dados precisos sobre isso, muitos trabalhadores são
      registrados com valor abaixo do que percebem realmente, numa tentativa de
      os empresários livrarem-se dos encargos. E com o piso salarial regional
      instituído em R$ 302,00 para São Paulo, essa forma de sonegação seria
      coibida." O presidente do SEESP acredita que tal mudança
      impulsionaria uma expansão no número de contribuintes do INSS e FGTS,
      podendo, inclusive, o novo valor vir a se constituir em indexador no
      mercado de trabalho informal. "É uma demonstração cabal de que é
      possível no País praticar políticas ativas de melhoria da situação de
      renda, sem prejuízo ao núcleo dinâmico da economia paulista." A
      constatação serve para eliminar uma das preocupações levantadas pelos
      partidos de oposição, de que um valor diferenciado entre os estados
      poderia ser mais um elemento de estímulo à chamada guerra fiscal.
      "E se uma prefeitura porventura não tiver condições de pagar, não
      está obrigada." No interior, contudo, ao invés de encontrar
      oposição à sua proposta, o SEESP tem recebido moções de apoio, como o
      oficiado pela Câmara Municipal de Mogi-Mirim. A idéia do piso estadual
      de R$ 302,00 foi aprovada pelos vereadores locais por unanimidade. 
       
       
      Exemplo nacional 
      "O SEESP parte de um pressuposto justo que o Estado de São Paulo
      poderia aproveitar a existência dessa lei para elevar o salário mínimo.
      É válido, mas do ponto de vista de um País de dimensões continentais
      como o Brasil, defendo a idéia de um valor unificado nacionalmente",
      enfatizou o deputado estadual Nivaldo Santana (PCdoB), presidente da
      Comissão das Relações do Trabalho. Tromboni assegurou que a proposta de
      um piso salarial estadual não compromete a histórica batalha pela
      unificação do mínimo. Ao contrário, na sua concepção, São Paulo
      estaria dando um exemplo nacional de empenho em melhorar a distribuição
      de renda e as condições de vida no País. 
       
      Para o deputado estadual Sidney Beraldo (PSDB), membro efetivo da
      Comissão das Relações do Trabalho e vice-presidente da Assembléia
      Legislativa, o tema é relevante, e tem uma base forte ao fomentar o
      mercado de produtos populares e conseqüentemente aumentar a arrecadação
      do ICMS e da Previdência. "Pretendo contribuir para trazer esse
      debate aos nossos líderes atuais, tanto do Governo quanto da bancada.
      Essas propostas de desenvolvimento de políticas compensatórias devem e
      vão merecer a nossa atenção." A Comissão das Relações do
      Trabalho já se comprometeu a promover em novembro próximo uma audiência
      pública.  |