O Brasil foi um fiasco em Sydney. Foi um festival de
cartolagem incompetente e autoritária. Basta agora aguardar as análises,
atribuindo tudo à falta de dedicação e empenho do atleta brasileiro.
Foi um exemplo acabado das razões da falta de competitividade brasileira.
Governo e elite empresarial insistem em esconder a própria incompetência
econômica, sistematicamente atribuindo ao trabalho a falta de
competitividade da economia brasileira. Para os áulicos de tais teses, o
Brasil paga bem demais profissionais e trabalhadores ignorantes e
incompetentes, que têm direitos excessivos: a férias, décimo terceiro,
descanso semanal remunerado etc. E, suprema ironia, não têm a liberdade
de se desorganizar como queiram para perder as enormes vantagens de que
desfrutam. É a famosa proposta de acabar com a unicidade sindical em nome
de uma suposta liberdade de organização.
Aliás, tais trabalhadores ainda querem recorrer ao poder normativo da
Justiça do Trabalho, em lugar do legítimo e justo direito de perder seus
empregos e ver cair seus salários sem reclamações trabalhistas longas e
desagradáveis.
Como em Sydney, o que tira a competitividade da empresa brasileira é a
incompetência de suas direções familiares. É sua falta de
profissionalismo. É a sua falta de dedicação à inovação. É sua
tendência a viver pendurada nas benesses estatais. É sua abdicação da
faculdade de pensar em favor das idéias boas para terceiros.
Veja-se a acrítica de assimilação da idéia de globalização. É
evidente que o processo tem sido excelente para os EUA, bom para a Europa,
ruim para o Japão e péssimo para o resto do mundo. É notório que,
independente de países, tem sido ótima para os ricos, boa para os bem de
vida, não tão boa para os remediados e um desastre para os pobres. Mesmo
assim, há no Governo e nas elites quem ache que vamos mal por causa dos
profissionais e trabalhadores.
Num País onde engenheiro bem-sucedido é Ministro da Fazenda, como será
possível ser competitivo? Num País onde há sério desemprego de
engenheiros, como alguém pode achar que a causa é a falta de
qualificação?
O Brasil precisa dar mais valor ao seu povo, de onde provêm
trabalhadores, profissionais e ... atletas, se quiser vencer as
Olimpíadas e tornar-se competitivo na economia.
Eng.
Paulo Tromboni de Souza Nascimento
Presidente
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