ACIDENTE
NA CPTM: QUEM TEM PODER |
No dia 6 último, pouco mais de dois meses após o acidente envolvendo
trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) que matou nove
pessoas em Perus, foi divulgado o laudo do Instituto de Criminalística
sobre o caso. A conclusão do laudo choca-se com a versão da empresa, que
em agosto culpou o maquinista pela tragédia, e atribui a responsabilidade
pelo acidente à própria CPTM, já que o trem não dispunha no seu
interior do calço que o imobilizaria. Este articulista tratou do assunto na edição 152 do Jornal do Engenheiro, quando alertava para o problema da formação da Comissão de Sindicância Interna, composta por pessoas da própria empresa e, portanto, com ela comprometidas. Com certeza, o maquinista é totalmente inocente e é preciso ir mais fundo na questão. Aqueles que detêm o poder de decisão nas empresas devem assumir a verdadeira e real responsabilidade pela falta de segurança nos sistemas operacionais, pois está em jogo a vida de seres humanos, que não mais acreditam nos modelos adotados. É hora de a CPTM e outras empresas instituírem um modelo de sistema de gestão relativo às condições de trabalho e meio ambiente. É preciso prever falhas e adotar modelos inibidores, que evitarão a ocorrência de novos acidentes e por conseqüência a morte de seus usuários. Responsabilidade não se transfere e é inerente ao cargo que os dirigentes ocupam. Esses, no entanto, desconhecem totalmente esse conceito e supõem que podem inventar uma Comissão de Sindicância Interna que jamais apontaria falhas de um secretário de Transportes ou de qualquer pessoa influente. Se os dirigentes possuem bônus pelos seus cargos, está na hora de assumirem o ônus de sua função e ser mais responsáveis e diligentes nas questões de segurança de seus sistemas operacionais. Também não é possível atribuir a culpa a uma só pessoa, pois o sistema operacional é que está deteriorado, por falta de manutenção e critérios de segurança. Há que se chegar aos mais altos escalões para se apurar a verdadeira responsabilidade pelo ocorrido. Eng. Celso Atienza |