Será realizado entre os dias 25 e 30 de janeiro
próximo, em Porto Alegre, o 1º Fórum Social Mundial. A iniciativa terá
continuidade nos próximos anos e ocorre simultaneamente e em contraponto
ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça. Vários aspectos
diferenciam os dois eventos, a começar pela base organizacional. O Fórum
Social Mundial é articulado por sindicatos de trabalhadores e
organizações não-governamentais as mais diversas, ligadas a movimentos
culturais, ecológicos, feministas, de direitos humanos etc., de todos os
continentes. O Fórum Econômico Mundial é patrocinado por uma fundação
suíça, financiada por mais de mil empresas multinacionais,
representantes legítimas do capital.
A abordagem dos fóruns também difere: em Davos, o ponto de vista será o
do mercado financeiro, enquanto em Porto Alegre será o do cidadão,
inserido num ambiente de construção de alternativas para priorizar o
desenvolvimento humano e superar a dominação dos mercados em cada país
e nas suas inter-relações. As grandes instituições internacionais
sempre tomaram decisões afetando a vida de milhões de pessoas, sem
qualquer controle democrático, e o Brasil, com a anuência de seus
governantes, tem sido uma dessas vítimas. Porém, as forças contra o
neoliberalismo, agora, passam da etapa da resistência, em
manifestações, greves e ocupações no campo e na cidade, à
formulação de alternativas.
O Fórum Social Mundial terá uma grade de conferências com quatro eixos
principais: a produção de riquezas e a reprodução social; o acesso às
riquezas e a sustentabilidade; afirmação da sociedade civil e dos
espaços públicos; poder político e ética na nova sociedade. Nesse meio
tempo, as grandes questões já estão em pauta e sendo discutidas em
diversas instituições e na página do Fórum na Internet (www.forumsocialmundial.org.br),
em que intelectuais e lideranças políticas expõem seus pontos de vista
e os cidadãos já podem discutir propostas e saídas ao aparente beco sem
saída gerado pelo evangelho neoliberal.
Desse Fórum surgirá, quem sabe, a cidadania global, com ênfase nas
lutas sociais e uma voz mais forte a se levantar contra o discurso do
pensamento único, que tem imposto sofrimento a tantos pelo benefício de
pouquíssimos.
Eng. Rubens Lansac Patrão Filho
Diretor - 2º Tesoureiro da Delegacia
Sindical do SEESP em Campinas