ENGENHEIROS ASSUMEM METALÚRGIA 
E FAZEM NEGÓCIO PROSPERAR

Quando a geradora Cesp Tietê foi privatizada, em outubro de 1999, a sua metalúrgica estava fadada a desaparecer: a norte-americana AES, novo controlador da empresa, não queria dispersar esforços naquilo que não fosse o foco da sua atividade.

Contudo, cinco funcionários da companhia, entre eles dois engenheiros, propuseram um acordo para manter a área e tornaram-se donos do negócio. Após meses de conversas, em maio de 2000, surgiu a Tietê Engenharia e Montagem com a tarefa de entregar até julho de 2001 um projeto de R$ 3 milhões. A obra, prevista no contrato de concessão, refere-se à instalação dos protetores flutuantes de pilar de ponte na Hidrovia Tietê-Paraná sob as rodovias SP 425 e SP 191. São 520 toneladas de estrutura metálica, fabricada em Bauru, transportada até o local e depois lançada e fixada na hidrovia. "Eles precisaram de coragem para acreditar em nós e nos deram um fantástico apoio financeiro", contou o engenheiro eletrotécnico Celso Ricardo Corrêa, diretor-presidente da metalúrgica. Tal incentivo foi o financiamento do material necessário e a cessão dos equipamentos que pertencem à Cesp Tietê. Em troca, a empresa ganhou a garantia de ter o trabalho feito por profissionais com mais de 20 anos de experiência no setor e um preço 20% abaixo do cobrado na praça. E livrou-se da dor-de-cabeça que seria desmobilizar a metalúrgica.

A aposta mostrou-se acertada, tendo em vista que o trabalho foi concluído com sucesso na SP 425 e já está 50% pronto na 191, devendo chegar ao fim em 90 dias. Nesse meio tempo, a Tietê Engenharia e Montagem já venceu outras concorrências da Cesp Tietê e conseguiu cumprir o combinado, além de ter prestado serviços também para a CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista). Outra empreitada de destaque é a fabricação e montagem para a Siemens das estruturas metálicas para as estações de Taquaruçu, Assis e Sumaré.


Administração responsável

Para dar conta das diversas frentes de trabalho, os sócios tiveram que investir cerca de R$ 100 mil em equipamentos novos e outros R$ 100 mil em manutenção e reformas. Quando terminar o contrato com a AES, será feita nova negociação visando a incorporação das máquinas antigas ao patrimônio da Tietê Engenharia e Montagem.

Mais um grande indicador dos bons resultados da metalúrgica é a ampliação do quadro de pessoal de 35, no início do empreendimento, para os atuais 90 funcionários. "Se não tivéssemos levado isso a cabo, não haveria esses empregos em Bauru", orgulha-se Corrêa. Tal crescimento passou também por uma opção administrativa. "Poderíamos constituir uma cooperativa, mas é complicado seguir as suas regras na produção", explicou o diretor-presidente.

A ousadia de assumir um negócio de tal envergadura foi transposta para os métodos de gerenciamento. "Resolvemos implementar aquilo em que acreditávamos. Por exemplo, a gente costuma dizer que dá o primeiro e o último emprego, porque contratamos gente com 60 anos e garotos de 17." Na Engenharia, além do próprio Côrrea e do diretor técnico e um dos sócios Rui Tai Watanabe, da área de Civil, recentemente foi contratado um profissional de Mecânica, completando as necessidades atuais da Tietê.

O último ingrediente para o êxito é disposição para suar a camisa. "Chego aqui às 9 horas, não saio antes das 22 horas e ainda sobra um relatório para fazer em casa. Você tem responsabilidades com clientes, empregados e fornecedores e precisa captar novos serviços e saber avaliar se pode ou não se comprometer com o que aparece, porque não há chances para errar", resume Corrêa.

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