HÁ DIVERSAS ALTERNATIVAS À ALCA

Bela vitória da diplomacia brasileira no adiamento do início da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e na difusão da visão de que a eventual adesão dependerá do interesse nacional nos conteúdos negociados. E o que interessa ao Brasil é um superávit suficiente para cobrir os déficits da balança de pagamentos.

Nos termos atuais, a Alca não interessa ao Brasil. Seu principal atrativo seria a abertura do mercado americano aos produtos nacionais. Infelizmente, não há qualquer sinal de que as eventuais facilidades oferecidas propiciariam vendas maiores. Ao contrário, os poucos produtos hoje competitivos, como suco de laranja e aço, são sistematicamente prejudicados por sobretaxas no mercado norte-americano.

Por outro lado, o principal problema da Alca seria a necessidade de abertura adicional do mercado brasileiro a produtos norte-americanos. Mas a abertura unilateral, promovida neste Governo, demonstrou a baixa competitividade dos produtores brasileiros no próprio mercado interno onde, supõe-se, gozariam de vantagem competitiva. Não se trata de avaliação a priori, mas de constatação. Afinal, após a abertura unilateral, o Brasil é o único País do mundo com quem os EUA conseguem ter superávit comercial.

Porém, o debate ainda permanece assentado sobre a falsa premissa de que não há alternativa à Alca. Pouco se perde se o Brasil não aderir. Os fluxos de comércio existentes continuarão a existir e a crescer. Novas oportunidades surgirão. Mais que inverdade, trata-se de bobagem. Nem os EUA tratam a Alca como sua principal prioridade. Sua grande arma é a imposição de barreiras (chamadas antidumping) contra produtores competitivos, seguida da imposição de acordos bilaterais de comércio administrado. Foi a ameaça de sanções antidumping que levou Toyota, Honda e outros produtores japoneses a aceitarem cotas de exportação. É o velho e conhecido método de criar dificuldades para vender facilidades.

Também o Brasil pode partir para a negociação de acordos bi e multilaterais de comércio administrado. Todo o crescimento do comércio exterior brasileiro sempre foi por essa via, com a vantagem de permitir uma melhor gestão da balança comercial. Como exemplo, basta lembrar os anos 70, quando armamento, automóveis e muitos outros produtos brasileiros foram vendidos aos árabes em troca de petróleo.

Já é hora de deixar os termos unilaterais e derrotistas em que se coloca hoje o debate sobre o comércio exterior. A Alca é uma proposta norte-americana para resolver o problema comercial norte-americano. O Brasil precisa de acordos com Venezuela, Colômbia, Peru, México e outros países latino-americanos; Itália, Portugal, Espanha e outros países europeus; China, Coréia e outros países asiáticos; Arábia Saudita, Egito, África do Sul, Angola e outras nações do Oriente próximo e África.
O Brasil precisa é de propostas alternativas para resolver os nossos problemas de comércio exterior.

Eng. Paulo Tromboni de Souza Nascimento
Presidente

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