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     Carta de Florianópolis 
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     Nós,
    engenheiros brasileiros, representados pela 
    FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS, através dos seus 17 Sindicatos
    filiados reunidos no 5o. Congresso Nacional da categoria (Conse), expomos à
    sociedade brasileira nosso posicionamento claro e firme sobre o país que
    queremos, merecemos e 
    estamos empenhados em construir. O 
    Brasil deve exercer a sua potencialidade tornando-se referência em
    democracia, tecnologia e sustentabilidade social. Definições e rumos
    tomados agora influenciarão decisivamente no nosso futuro. Precisamos,
    urgentemente, reverter o quadro de estagnação e concentração de renda
    que levou o PIB brasileiro a cair da 8ª. para a 12ª e ocupar a 64a. posição
    no Índice de Desenvolvimento Humano. Essas posições desfavoráveis
    revelam a vulnerabilidade de nosso modelo econômico e social. Como
    construtores de parcela significativa da renda nacional, categoria que
    responde por 50% do PIB do nosso país, nós, profissionais, temos consciência
    de que é preciso retomar conquistas. Não podemos e não vamos suportar ser
    a base produtiva brasileira e ter 
    ínfima participação na alocação da renda que geramos. As
    políticas públicas recessivas, que há décadas travam o desenvolvimento
    brasileiro, devem dar lugar a investimentos imediatos em atividades
    produtivas de infra-estrutura. A exemplo, citamos o setor rodoviário, que
    opera com apenas 20% de sua capacidade produtiva. Em 2003, 350 mil
    trabalhadores do setor foram demitidos. Destes, 10 mil engenheiros e
    arquitetos, caracterizando o abandono do conhecimento e experiência técnica.
     Acreditamos
    firmemente que construir um país é respeitar seus profissionais, é não
    permitir que a estabilidade monetária e o equilíbrio fiscal sacrifiquem o
    desenvolvimento. Assim, repudiamos o aumento da carga tributária de pessoas
    físicas e jurídicas prestadoras de serviço, inviabilizando suas próprias
    atividades. Paradoxalmente, os grandes conglomerados empresariais do país
    registraram este ano crescimento de 41%, contra os míseros 4% de taxa de
    crescimento de emprego, nas mesmas empresas. Como categoria forjada para o
    desenvolvimento, produção e geração de riquezas, indignamo-nos com o
    desemprego, pois sabemos que tecnologia, cultura e trabalho fazem parte da
    aventura humana vencedora. Defendemos
    o apoio incondicional à empresa nacional com investimentos e subsídios
    para modernizá-las e transformá-las em empresas instruídas dentro de
    cidades inteligentes. Investir em cérebros nas empresas e requalificar
    todos os trabalhadores devem ser ações articuladas e apoiadas
    institucionalmente. O
    investimento econômico público e privado, estável e crescente, depende
    fundamentalmente do processo de revalorização do planejamento e 
    melhoria da gestão, estimulando um ambiente empreendedor, ampliando
    o acesso às tecnologias 
    pelas micro, pequena e média empresas. É urgente incentivar,
    incrementar e desobstruir os Fundos Setoriais. Reivindicamos
    apoio à engenharia consultiva no país, pois ela significa uma inteligência
    coletiva imprescindível para o desenvolvimento interno e para o incremento
    de nossas exportações. Sinalizamos
    em relação à Alca (Área de Livre Comércio das Américas) a necessidade
    da defesa dos interesses nacionais dentro do processo dinâmico do comércio
    internacional. Assim, defendemos a realização de um plebiscito sobre a
    questão no âmbito do Cone Sul, o que constitui uma proposta já firmada
    por amplo leque de entidades e movimentos sociais brasileiros. A
    batalha contra a degradação do mundo do trabalho e a queda da renda não
    se aparta da defesa e valorização da atividade sindical das categorias de
    profissões regulamentadas.  Somos
    radicalmente contra as alterações do artigo 8º da Constituição Federal,
    cujos preceitos – direitos trabalhistas, liberdade e unicidade sindicais -
    resultaram de um amplo debate junto à sociedade na Constituinte de 1988.
    Defendemos os direitos dos trabalhadores, garantidos na Constituição, a
    resistência ao seu desmanche, os avanços no sentido da inclusão social, a
    formalização das relações de trabalho e a legalização das instituições.
     Defendemos
    e apoiamos a implantação 
    da CBP (Central Brasileira dos Profissionais), que 
    representará os interesses legítimos dos profissionais de nível médio
    e universitário. A nova entidade será uma forte aliada que, 
    em conjunto com as outras centrais sindicais existentes, atuarão na
    conquista de melhores condições de vida e trabalho, de justiça social e
    de participação mais ativa na sociedade. Hoje,
    temos nas mãos o compromisso histórico e inédito de tornar este sonho
    realidade.  Um
    Brasil livre, soberano, próspero e empreendedor. Florianópolis,
    29 de novembro de 2003.  | 
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