A INTEGRAÇÃO DO TRANSPORTE COLETIVO

Assim como os conflitos com perueiros, os aumentos dos ônibus e os acidentes com trens, também as greves do Metrô já se integraram ao calendário de São Paulo. Como não se trata de evento desejável, convém refletir sobre suas causas conjunturais e estruturais. O pomo da discórdia no conflito entre engenheiros e o Metrô é o financiamento do sistema.

Para o Governo do Estado, o ideal é a auto-suficiência operacional, custeada pelo sacrifício dos empregados e elevação de tarifas. Os empregados querem apenas reposição da inflação e pequenos progressos anuais na renda e condições de trabalho. O público gostaria de transporte bom e barato.

Não é uma equação fácil de resolver. A única solução é a que os engenheiros vêm propondo e sendo solenemente ignorados há muitos anos. É preciso expandir a rede do Metrô. Com a expansão, aumenta a receita porque se captará mais passageiros. Com a expansão, é possível alcançar ganhos expressivos de produtividade, sem ameaça de desemprego. Isso também viabiliza melhoria regular aos metroviários. Com a expansão, a população passaria a desfrutar de transporte melhor com custos controlados.

A expansão do Metrô exige integração. Já está em andamento a integração ao sistema de trens metropolitanos da CPTM. Esse rumo é correto e precisa ser acelerado. Particularmente nas ligações projetadas entre Estação das Clínicas do Metrô e Estação Pinheiros da CPTM, e na conclusão da linha Capão Redondo-Largo Treze de Maio, com integração também no Rio Pinheiros.

Mas o grande desafio da integração é com a rede municipal de ônibus e com os serviços de perua, que suprem hoje o papel das antigas lotações. O cidadão precisa tomar um transporte em qualquer bairro, trocar de modais ao longo do trajeto e chegar a qualquer destino, pagando só uma passagem.

Isso enseja desafios operacionais como o de introduzir o bilhete eletrônico nos ônibus. Enseja ainda desafios políticos. É preciso realizar um planejamento conjunto de transportes entre Estado e Município. Para o Metrô, isto implica aumentar e distribuir melhor a carga do sistema. Para a Prefeitura, trata-se de oferecer um serviço melhorado à cidade. A primeira oportunidade a aproveitar é a realização das licitações para as novas linhas de ônibus na cidade.

Se aumentar a demanda, o Metrô precisa investir em avanços técnicos e operacionais de modo a permitir, com segurança, mais composições nos horários de pico.

Havendo uma perspectiva clara de expansão, haverá também condições para interromper as greves. No ano que vem, o Metrô poderia propor um acordo coletivo de cinco anos, com reajustes firmes em troca da manutenção do quadro de pessoal, mesmo com expansão da rede, criando um incentivo concreto aos ganhos de produtividade. Para o projeto fazer sentido, a expansão deve ser realizada com os quadros da casa, reduzindo a subcontratação ao mínimo indispensável.

Como é fácil ver nestas poucas observações, sem a solução dos problemas estruturais, o calendário da cidade continuará a exibir uma greve do Metrô todos os anos.

Eng. Paulo Tromboni de Souza Nascimento
Presidente

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