PEDÁGIO
EM JACAREÍ É INAUGURADO |
A
partir deste mês, quem passar pelo km 165 da via Dutra terá que pagar pedágio.
O novo posto de cobrança, inaugurado no dia 15, fica na entrada de Jacareí,
cidade paulista situada no Vale do Paraíba. Conforme Leonardo Vianna,
diretor de Obras da Nova Dutra, que administra aquela rodovia, para atender
a solicitação do ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, de redução
das tarifas, a proposta apresentada – e aprovada pelo DNER (Departamento
Nacional de Estradas de Rodagem) – foi efetuar o desmembramento da praça
de pedágio em Guararema, já existente, onde o custo hoje seria de R$ 4,50,
e reduzir o preço total em 0,30 (R$ 2,00 em Jacareí, nos dois sentidos, e
R$ 2,20 em Guararema e Arujá, em cada um) para compensar o aumento na
arrecadação. A estimativa, de acordo com o diretor, é que o faturamento
mensal no novo pedágio seja de R$ 5 milhões e por ele passem 42 mil veículos/dia,
sendo que 9 mil desses não eram taxados antes do desdobramento. O
anúncio em março de 2000 pela Nova Dutra de sua intenção de implementá-lo
gerou resistência. Diversas entidades, incluindo a Delegacia Sindical do
SEESP em Jacareí, e parlamentares locais se uniram em uma campanha contra o
empreendimento. Os efeitos deletérios desse, enumerados em carta aberta e
que motivaram a ação conjunta, incluem: fechamento dos inúmeros acessos
secundários hoje existentes no destino, prejudicando as atividades agrícolas,
comerciais e industriais das regiões adjacentes ao centro urbano;
incremento considerável de trânsito nas variantes principais,
especialmente com a passagem de veículos de grande porte, culminando com
freqüentes congestionamentos, aumento da poluição, maior risco de
acidentes, perda da qualidade de vida, além do desgaste das vias públicas
do núcleo urbano, não-preparadas para um tráfego intenso. Dadas
as razões apresentadas, o movimento cresceu e deu origem ao Fórum Sindical
e Popular. Sob a coordenação do vereador José Carlos Diogo (PT), suas
iniciativas abrangeram distribuição de adesivos, realização de carreatas
e medidas judiciais, como o encaminhamento de ação civil pública, cujo mérito
ainda não foi julgado. O esforço surtiu resultado e ao menos se conseguiu
retardar a construção, através de liminar concedida em setembro último.
Contudo, essa foi indeferida no final do ano passado e, no início deste, a
obra foi retomada, ignorando-se a vontade da maioria da população. O golpe
final veio com a emissão pelo TCU (Tribunal de Contas da União) no início
de junho último de parecer favorável à implantação da praça de pedágio
em Jacareí. Diante desse fato, o prefeito da cidade, Marco Aurélio de
Souza (PT), um dos seus maiores opositores, não vislumbrou outra
alternativa senão buscar contrapartida para o município, na tentativa de
recuperar os prejuízos que devem advir com o funcionamento do novo posto de
cobrança.
Para
Edson Mega de Miranda, diretor da Delegacia Sindical do SEESP em Jacareí, a
administração local não teve opção e conseguiu ao menos garantir a
recuperação de parte do prejuízo que a praça trará. “A dificuldade
encontrada em Jacareí para lutar contra uma obra que não queria e foi
obrigada a aceitar nos leva a concluir que urge a criação de melhores
mecanismos de participação das comunidades nas concessões e em especial
no caso das rodovias que cruzam várias cidades, gerando interferências
significativas no meio ambiente e na economia da região.” O
vereador Diogo acredita na mobilização da população de Jacareí como
resposta a essa situação. Foi o que aconteceu em Alphaville quando da
instalação de posto de cobrança pela Via Oeste em 12 de fevereiro último,
na marginal da Castello Branco, no sentido entre esse município e São
Paulo. Os moradores daquela localidade uniram-se e organizaram o Movimento
Acesso Livre. Desde então, vêm efetuando uma série de ações. “Hoje,
estamos promovendo indução ao boicote do pedágio, sugerindo a utilização
de rotas de fuga”, afirmou Roberto Amaral, coordenador da campanha. Ele
reconhece que o uso de caminhos alternativos para escapar da cobrança
acarreta danos à cidade e às encontradas no entorno, como Osasco, Carapicuíba
e Jandira. Porém, lembra que o pedágio afeta o bolso de quem reside nesses
destinos e tem sua ocupação profissional na capital paulista, pois precisa
pagar R$ 7,00 (ida-e-volta) para efetuar o trajeto. E as conseqüências não
páram por aí. “O volume de pessoas que trabalham em Alphaville e vêm de
fora é de cerca de 160 mil. Empresas podem deixar de ter seus depósitos
aqui, pode diminuir o nível de emprego.” |