MOBILIZAÇÃO EM DEFESA DO SERVIÇO PÚBLICO DE SANEAMENTO

Estado mais rico da Federação, São Paulo ainda não conseguiu vencer o desafio de oferecer à sua população, de maneira universal, serviços básicos de promoção de saúde e bem-estar. Faltam tratamento de esgoto, soluções para o lixo doméstico, industrial e hospitalar, controle de contaminação do ar, do solo e da água.

Foram estarrecedoras, por exemplo, as notícias sobre a intoxicação de adultos e crianças por absorção de metais pesados e drins (poluentes persistentes), no município de Paulínia,  num “paraíso ecológico” conhecido como Recanto dos Pássaros, próximo a uma antiga fábrica de pesticida de uma multinacional. Outro absurdo ocorreu em Mauá, município da Grande São Paulo, onde uma empresa construiu e vendeu aproximadamente mil apartamentos, assentados sobre um aterro industrial que ainda hoje exala 44 substâncias gasosas tóxicas, inclusive o gás benzeno, produto altamente cancerígeno.

Também não é novidade que, na Capital, o reservatório de Guarapiranga, que capta água de mananciais para abastecimento, vive o drama da contaminação provocada por despejos clandestinos, reflexo da incapacidade dos poderes públicos de controlar e evitar tal situação.

Uma boa notícia nesse campo, não só aos paulistas, mas a todos os brasileiros, seria a instituição de uma Política Nacional de Saneamento. Contudo, o projeto de lei hoje em tramitação no Congresso Nacional deixa muito a desejar, conforme têm demonstrado os engenheiros do setor. O substitutivo do relator da comissão especial que estudava os projetos de lei voltados ao assunto prejudica o acesso universal da população brasileira ao saneamento básico, rompe a integração dos sistemas de água e esgoto, segmentando-os e promovendo indevidamente a existência de diversos titulares e concessionários, dificultando a fiscalização e o controle sanitário e a qualidade dos serviços, e induz à privatização selvagem fragmentada das partes lucrativas do setor, deixando ao Estado as mais onerosas.

Para piorar, o texto que difere substancialmente de tudo que havia sido discutido até então fora enviado ao plenário da Câmara em regime de urgência, o que exigiria sua votação na segunda quinzena de setembro, sem qualquer debate com a sociedade. Felizmente, graças ao empenho das diversas entidades voltadas ao setor, entre elas o SEESP, essa batalha foi ganha e a proposta terá que passar por nova discussão. Porém, a luta continua. A mobilização terá que se manter  para assegurar que aquilo que poderia ser a esperança de melhores condições de vida para a população brasileira não seja a pá de cal sobre o serviço público de saneamento básico. É preciso lembrar que, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a falta de água potável e saneamento são responsáveis por 80% das doenças e 65% das internações hospitalares no Brasil. Tal quadro vergonhoso precisa ser alterado urgentemente.  

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

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