METRÔ
      DE SÃO PAULO VIVE PIOR   | 
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       No mundo todo, existe uma grande preocupação das
      operadoras de metrôs com o risco de incêndio dentro  de suas instalações, principalmente se ele ocorre no
      interior dos túneis. E isso não é diferente no Metrô de São Paulo, um
      dos cinco melhores do globo. A preocupação com o risco de acidentes e
      incêndios está traduzida nos planos de manutenção da companhia,
      procedimentos internos e normas de segurança, que visam evitar falhas nos
      equipamentos e sistemas, além de orientar a atuação das equipes,
      minimizando as conseqüências dessas falhas ou acidentes. Mesmo assim, no
      dia 30 de agosto último, ocorreu um incêndio próximo à estação Barra
      Funda, onde houve 23 vítimas, uma das quais fatal. A única morte nos
      quase 27 anos de operação do Metrô. 
       Como ocorria todos os dias, após uma inspeção geral
      da via, as equipes de manutenção liberaram a energização do terceiro
      trilho para início da operação comercial, às 4h30 da madrugada. Porém,
      a partir das 4h55, começaram a aparecer vários focos de fumaça e falha
      de alguns equipamentos ao longo de toda a Linha 3 Vermelha, no início no
      trecho a céu aberto e posteriormente na região do túnel. Às 5h17,  surgiu um foco de fumaça na entrada da estação Barra Funda
      na região do AMV (Aparelho de Mudança de Via). Isso provocou a
      desenergização da via e a conseqüente parada dos trens, inclusive do
      303,  que transpunha o AMV. Em
      pânico, os passageiros acionaram os sistemas de abertura de portas dos
      carros. Com o túnel tomado pela fumaça e a composição sem
      condições de se movimentar, a única alternativa era a remoção dos
      passageiros pela passarela de emergência. A evacuação do trem foi
      feita, pelos empregados do Metrô — seguindo os treinamentos e rotinas
      previamente elaborados — , que procuraram minimizar as conseqüências
      do problema, inclusive transportando nos braços um deficiente físico. Causas Tal fato explicaria o surgimento de vários focos de
      incêndio ao longo da linha, uma vez que a corrente contínua presente na
      malha de terra procurava fechar o circuito, retornando aos trilhos da via
      permanente e passando pelo aterramento dos equipamentos espalhados ao
      longo da linha. A pior situação ocorreu na região da estação
      Barra Funda. Lá, o incêndio começou pelos dormentes de madeira que na
      parte inferior estão em contato com a malha de terra e na superior fazem
      a fixação dos trilhos do AMV (no Metrô de São Paulo só na região dos
      AMVs a fixação é feita por dormentes de madeira). Dos dormentes, 
      o fogo se alastrou para os isoladores fabricados em epóxi, capas
      do terceiro trilho feitas de material plástico e para a isolação dos
      cabos de alimentação, gerando um incêndio de poucas proporções, mas
      com muita fumaça.  A capacidade técnica e qualidade dos engenheiros da
      Companhia do Metrô, demonstrada ao longo desses anos de operação,
      garante-nos que todas as medidas serão tomadas para impedir que outro
      acidente dessa natureza volte a acontecer. Não podemos esquecer, contudo,
      que sistemas de proteção, treinamentos, manutenção e medidas de
      segurança exigem investimentos e recursos que, muitas vezes, não podem
      ser cobertos somente pela tarifa cobrada do usuário, necessitando de
      apoio do Governo do Estado para completar os gastos estruturais que um
      sistema como o Metrô exige. Como exemplo, temos a Linha 2 Verde
      (Paulista) que, em operação há vários anos, ainda não tem seu sistema
      de ventilação e exaustão, previsto no projeto inicial, concluído. Essa
      situação causa um aumento constante do calor no interior das estações
      e, em caso de um  acidente
      como o da Barra Funda,  poderia
      significar a perda de vidas. Eng. Sérgio Henrique da Silva Neves  |