Lançado neste ano,
“Campo das Estrelas” relata a experiência do engenheiro Walter Henrique
Bernadelli, que, em 1998, fez a peregrinação a Santiago de Compostela. Com
a colaboração do próprio Bernadelli e de seu primo Accacio de Oliveira
Santos Neto, o livro foi escrito por seu tio Accacio de Oliveira Santos Jr.
Além das experiências que os três partilharam nos 800km
de caminhada, a obra traz a história do percurso e conta como foi a
preparação para o desafio. Bernadelli e os companheiros voaram de São
Paulo a Paris, onde tomaram um trem para a cidade de St. Jean Pied de Port,
no sul da França. Lá, teve início o caminho pelo norte da Espanha, até
Santiago, que durou 30 dias. “Foi uma experiência transformadora; fantástica
cultural, religiosa e espiritualmente. Nós encontramos pessoas de quase
todas as partes do mundo e uma coisa ficou clara: somos todos iguais, temos
os mesmos sonhos, esperanças e aflições.”
A peregrinação garantiu ainda outros ensinamentos, como abrir mão daquilo
que não é essencial. “Quando eu arrumei a minha mochila, coloquei tudo que
achava necessário. Já no primeiro obstáculo, ao cruzar os Pirineus na
fronteira da França com a Espanha, percebi que podia esvaziá-la bastante.
Isso é uma coisa que a gente aprende: que não se precisa de tanto quanto
se imagina.” E as próprias limitações são outra descoberta. “Você não
anda quanto quer, mas quanto pode. Por outro lado, compreende que o peso da
mochila, dores, bolhas, frio e chuva fazem parte do caminho e são
insignificantes se comparados ao prazer da caminhada.”
Executivo da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) habituado a tomar
decisões, Bernadelli conta que a peregrinação também foi uma rica experiência
nesse campo. “Fizemos um grande planejamento, mas tivemos que mudar
muita coisa e improvisar, pedir ajuda, parar para auxiliar outras pessoas,
rever metas e estratégias. Hoje, eu confio muito mais na minha intuição”,
assegura o engenheiro, atualmente gerente dos Serviços da Distribuição da
Região Noroeste.
História
e planos de viagem
A importância do caminho a Santiago de Compostela remonta aos primórdios
do cristianismo. Após a crucificação de Cristo, o apóstolo Tiago
deixou a Judéia rumo àquela parte do mundo para pregar o cristianismo. Ao
voltar à Cesaréia, foi morto e esquartejado por ordem de Herodes Agripa.
Os restos foram recolhidos por seus discípulos Teodoro e Atanásio e
enterrados na Galícia. Por volta de 813, um eremita começou a ver uma
chuva de estrelas sobre um certo bosque na Galícia, onde se descobriu o túmulo
do apóstolo, que a essa altura já era santo. Ali, foi construída uma
capela, onde hoje está a Catedral de Santiago, e a cidade recebeu o nome de
Santiago de Compostela (campo estrela). As peregrinações que têm como símbolo
uma concha, objeto usado por Tiago, começariam em 845.
Quem desejar fazer aquele que é considerado o primeiro itinerário cultural
da Europa deve se preparar física e psicologicamente, aconselha Bernadelli.
Além da passagem aérea, ainda segundo o engenheiro, não se gasta mais que
US$ 20 por dia, tendo em vista que os peregrinos hospedam-se principalmente
em albergues gratuitos, administrados por associações ou pela própria
igreja. Itens indispensáveis na mala são calçado para tracking (tênis não
são recomendados), mochila impermeável e capa de chuva. Em caso de
acidentes, há médicos e socorro ao longo do caminho.
“Campo
das Estrelas”, de Accacio de Oliveira Santos Jr, Editora Casa do Livro, R$
20,00. Pode ser adquirido pelo sítio www.livrariaplanalto.com.br, e-mail
livplan@livrariaplanalto.com.br ou telefones (17) 232-4533 e (17) 234-4721.
Dicas
de viagem na Associação Brasileira dos
Amigos do Caminho de Santiago, no sítio www.santiago.org.br ou
telefone (11) 6959-6107.
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