O
“American way of life”, tão
enaltecido e invejado por quase todo mundo, sofreu recentemente um profundo
abalo em suas estruturas, sejam as fundações do World Trade Center e do
Pentágono ou nos alicerces do orgulho, do patriotismo e da hegemonia
americana. Os Estados Unidos, que nos áureos tempos da Guerra Fria
disputavam com a União Soviética a supremacia do poder político e econômico,
ganharam aquela “guerra” sem detonar uma só bomba, pois a Rússia
implodiu por si só.
A partir da queda do Muro de Berlim, os EUA conquistaram o privilégio de
ser o país hegemônico na Terra, apenas tendo como parceiros diretos os
outros seis mais ricos, componentes do Grupo dos Sete ou
G7.
A história americana, construída com a Guerra da Independência,
solidificou-se mesclada de sentimentos de patriotismo, religiosidade e
liberdades democráticas, além do sentimento de poderio bélico, econômico
e tecnológico. Esse perfil de independência e poder do povo americano
levou-o a apoiar ao longo do tempo a presença americana em duas guerras
mundiais, no conflito entre as Coréias, na guerra do Vietnã, na invasão
do Iraque e em outras inúmeras incursões beligerantes pelos continentes.
Sempre ficou óbvio para o mundo que o histórico das intervenções
americanas em vários continentes representou a sua própria luta pela
permanência no pedestal do poder hegemônico.
Diante dessa trajetória norte-americana de incursões em pontos estratégicos
do Planeta Terra, não era de se admirar que um dia surgissem os inimigos
ferrenhos de “Tio Sam”, casos hoje da Líbia, Irã, Iraque e o Afeganistão
dos Talebans. Esses quatro países, majoritariamente muçulmanos, gozam da
solidariedade religiosa do povo islâmico, que formam um contingente de
aproximadamente 1 bilhão de pessoas espalhadas pelo mundo, entre árabes e
não-árabes.
Nesse quadro de intolerância entre dominadores e dominados ou colonizadores
e colonizados, surge o terrorismo nas formas mais hediondas possíveis. O
mundo, infelizmente, está repleto de injustiças. O ataque covarde a vítimas
inocentes, no entanto, não mudará essa situação. A incursão terrorista
contra os EUA foi um ato absolutamente inaceitável. Contudo, responder a
ele com mais violência e novas vítimas inocentes também o é. É preciso
que se revejam políticas de dominação econômica, territoriais e étnicas
e que se reflita na falta que faz a existência de laços mais fortes entre
os povos do mundo.
Para o Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo, que congrega
engenheiros das mais variadas ascendências étnicas e religiosas, resta
lamentar e solidarizar-se com o povo norte-americano, em repúdio àqueles
que, em seu próprio nome ou de seus devaneios, arrogaram-se o direito de
assassinar milhares de pessoas inocentes.
Eng.
Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente
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