TÉCNICOS
APRESENTAM PROJETO PARA |
Encontra-se
em fase final de discussão na SMA (Secretaria de Estado do Meio Ambiente)
projeto de regulamentação para mitigação de ruído nas margens de
rodovias. Conduzido pelo GTR (Grupo Técnico de Licenciamento de Rodovias)
desse órgão, com suporte técnico da Cetesb e de especialistas das
universidades federais de Santa Catarina e Minas Gerais, tem por objetivo
reduzir o barulho nesses locais a níveis recomendados pela OMS (Organização
Mundial da Saúde). A proposta abrange, segundo Daniel Egon Schmidt, gerente
de Apoio e Desenvolvimento de Programas da Cetesb, um conjunto de soluções.
Algumas delas são enumeradas por Olimpio de Melo Alvares Junior, gerente de
Operações e Fiscalização da companhia: colocação de barreiras acústicas
(semelhantes a muros altos, em diversos materiais, como concreto, vidro e até
plástico reciclável), o rebaixamento de trechos em uma pista para impedir
que o som chegue por exemplo a residências próximas, a diminuição da
velocidade permitida, a substituição do pavimento por outro que torne o
contato pneu/pista mais silencioso e até a instalação, em habitações
mais expostas, de janelas com vedação e vidros duplos e aparelhos de
ar-condicionado. Conforme
o coordenador do GTR-SMA, José Heitor do Amaral Gurgel, enquanto na Europa
poluição sonora em rodovias é vista com a devida importância, no Brasil
não existe essa preocupação, porque não há legislação específica
para o controle de ruídos. Com a proposta, que define as medidas a serem
tomadas na construção de novas obras e nas já existentes, a pretensão,
de acordo com ele, é introduzir esse conceito, inicialmente no Estado de São
Paulo e depois, através do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), em
todo o Brasil. “A idéia é atender primeiro o que chamamos de receptores
críticos, ou seja, locais como creches, hospitais e escolas, que não podem
ficar submetidos a ruídos”, explica Gurgel. Melo complementa: “Com essa
resolução, as administrações municipais deverão adequar seus
instrumentos regulatórios para que não haja mais ocupações em áreas próximas
a rodovias ou vias expressas de tráfego intenso. Quem quiser construir num
ambiente desses terá que prever dispositivos especiais para minimizar ruídos.”
Por
outro lado, há concessionárias que estão se antecipando e tomando providências.
Às que resistem à idéia, o principal argumento para que cedam é o de
baixo investimento. “Fizemos uma simulação econômica de instalação de
barreiras acústicas com altura e comprimento suficientes em seis pontos críticos
da Fernão Dias e o custo total foi de R$ 1,596 milhão. É muito pouco”,
afirma Melo. Impor
um padrão nacional para controle de ruídos em rodovias parece inevitável.
Caso contrário, corre-se o risco de se configurar nessas o caos verificado
por exemplo em São Paulo, onde as soluções em alguns locais são muito
caras e complexas. “Para as áreas urbanas, a Resolução 1 do Conama
estabelece padrões que devem ser controlados pelo poder público. Ruídos
gerados por veículos, todavia, não estão incluídos nessas exigências.
Na Avenida Paulista está todo mundo submetido a 78 decibéis, muito acima
dos 55 recomendados para áreas residenciais, no período diurno. Teríamos
que impedir o tráfego de ônibus e caminhões o dia inteiro, o que seria
inviável. Na Capital, em certos lugares, seria possível minimizar o
problema. Numa marginal ou na Bandeirantes, que cortam áreas estritamente
residenciais, dá para fazer muros altos e a Prefeitura ou associações de
moradores podem buscar instrumentos econômicos para financiar tal construção”,
sugere Melo.
Conforme
Melo, a situação na Capital deve ser ao menos amenizada ao longo dos anos,
com a renovação da frota. O Programa Nacional de Controle de Ruído de Veículos,
aprovado pelo Conama em 1993, fez baixarem significativamente as emissões
de ruídos. Para Baring, na Capital, o problema já está consumado e deve
ser resolvido em obras, com o uso de sistemas para conter o barulho. “Em
construções novas, é possível definir isso na Engenharia do projeto. No
prédio pronto, são só remendos, como substituir janelas.” |