Quando
se graduou em Engenharia de Minas pela Escola Politécnica da USP em 1961, Décio
Casadei recebeu três propostas de emprego. Ele acredita que hoje o cenário
não seja tão positivo para os recém-formados, mas assegura ainda haver
mercado. “O que vale é a vocação do profissional, se tiver convicção
de seguir na área, encontrará seu lugar.” De qualquer forma, observa
ele, “muitos formandos dessa modalidade partem para engenharia econômica,
desenvolvem atividades em bancos, empresas de investimentos, fazem avaliação
de empreendimentos industriais”.
Quem fica
no caminho tradicional pode, como Casadei, galgar muitos postos ao longo da
vida profissional. Ele iniciou sua carreira como engenheiro de Minas trainee
e chegou a diretor; lecionou no Departamento de Engenharia de Minas da
USP entre 1973 e 1986, período em que concluiu o mestrado em Tecnologia
Mineral e doutorado em Engenharia Mineral. Depois, atuou como autônomo até
montar seu próprio negócio, a Casadei Engenharia Mineral, onde presta
serviços de assessoria e consultoria, em parceria com uma empresa inglesa
de software. O trabalho é voltado à indústria do setor e envolve
pesquisa — prospecção em busca de uma jazida —, desenvolvimento e
operação da mina. A primeira etapa do processo cabe também ao geólogo; a
partir daí, é atribuição exclusiva do engenheiro de Minas.
Mudanças
de cenário
Na avaliação de Casadei, o
mercado para esses profissionais encolheu devido principalmente à excessiva
oferta de bens minerais no mundo, que também trouxeram danos ambientais.
Outro aspecto nesse contexto é a reciclagem do alumínio (latinhas de
cerveja e refrigerante, por exemplo) e a tecnologia que permite recuperação
do metal. Além disso, a maior parte da produção de minério do Brasil é
destinada à exportação, portanto sujeita às intempéries do mercado
internacional. “Balançou o preço, as dificuldades aparecem
imediatamente”, lembra.
Para
Casadei, existe um grande potencial de consumo interno para areia e brita,
ligadas à indústria de cimento e, portanto, à construção civil. “Os
engenheiros de Minas poderiam trabalhar nos portos de areia, mas muitas
vezes os empresários não contratam essa mão-de-obra, embora ela seja
obrigatória.” A ausência do profissional habilitado, segundo ele, gera
problemas de toda ordem, inclusive os ambientais. Entra aí a falha da
fiscalização, que poderia sanar a irregularidade. “É certo que, entre
as engenharias, a de Minas é uma das mais impactantes. Se quisermos
qualidade de vida, o segredo é buscar equilíbrio, cabe aí a
responsabilidade e o conceito de cidadania do minerador, que precisa fazer a
coisa bem-feita”, sentencia.
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